sábado, 24 de outubro de 2009

um gemido é a cena máxima. não imponha nada mais ao quadro. o olho negro suspenso na escuridão, ele/ela olham o infímo daquilo que se esconde abaixo das unhas. um pouco de dor e pó. o tempo redunda em torno dos olhos. a pele nunca resiste tanto tempo na ausência. o corpo alvejado cheira a cloro. o branco dos lençóis se confunde com aquela mancha no peito. impossível o sacríficio. ele/ela escondem as vergonhas. os rostos brancos não se tingem de vermelho rubro-e-fúria. tão frio como um anjo, abre a boca pálida de pérola e a voz metálica liberta o impossível. o grito de dor na noite escura. como andar pelo corpo na ausência dessas marcas. ele/ela dúbio. oculto no fundo negro dos olhos ocultos pelos cabelos vermelhos. a chama. o aberto. o sempre secreto segredo. abre as penas e os anos. tão condenável. criminosamente angélico e perverso. um sorriso dourado, de tão amarelo-serpente. uma mão que tapa a boca e esconde os documentos no meio de um livro. trágico. a dor que lateja ao impossível não diz e sempre foge. para além. assim, deixando o eixo vazio. sem nada. todo o brilho foge à lágrima que não vem. nunca vêm. a lápide cirurgicamente surge no nada. gesto cênico. a câmara gira. os lençóis voam da cama. ele/ela sozinho. abre imagináriamente as asas. devora os sonhos. e se esquece. rumorejante. atrás das cortinhas de veludo repletas de luto. sem nenhum pesadelo.

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