quarta-feira, 14 de outubro de 2009

de quando chove nas palavras. faz frio no rasgo entre duas letras. o campo, através da objetiva, é esparso espaço aberto n'um amplo corredor de hospital. longe daqui se decide um nobel. o gesto se faz simples. olhar em torno, ao redor, e, novamente, adiante e ao revés. a paisagem, à paisana, não se impõe. estrada longa em suas 3 1/2 horas. caminha, meio saudosista, talvez melancólico. ele fala dos violinos que não possui para quem não sabe o que é um violino rasgando em dor. alma feita chicotada do mar nas areias. um beijo pode ser sustentado apenas como movimento dos lábios. é preciso sempre um pouco mais de mágica. um reflexo n'um ângulo misterioso, sem mentiras completas. perscrutando a chave, as palavras se soltam. mais importante que a chave é o buraco da fechadura. a dor clínica de perceber que o bisturi corta um corpo sem alma e que o dedo toca um buraco vazio. nem alegoria, nem metáfora. resíduo! resíduo que pragueja imprecações contra as paredes da igreja. gesto inútil de sobreviver o limo à lápide. tudo tão plástico neste abraço vago. tão artificial. não faz meu gênero. não se lhe apraz na própria máscara. há a falta de certos olhos. a abelha faminta é devorada pela aranha satisfeita. tão puro. tão pleno. tão fingido. os naipes deste jogo, cada qual num canto. três notas para o amanhã. a harmonia é medida em km/h. há as paredes nuas, nu também o corpo, a falta dos sais, cheiro de canela e hortelã, a banheira de cobre, antiga, o cravo e os violencelos, as velas misteriosamente marcam a cena, abafados os grilos, o corpo, (o celular não chama mais) quer se esquecer. na condição de sacríficio. falho escorre lentamente pela banheira. a pele insiste, para além do trevo de 4 folhas, das constelações, em sempre se lembrar. a pele tem sua memória silenciosa: relâmpago sem clarão no entremear da sintaxe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário