sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Feira do Conhecimento



Bom, desde ontem as voltas para a Feira do Conhecimento, para a E.M.E.B. Aline Giovana Schmitt. Realização ocorreu hoje, vamos ao relato de minha participação.  Acho que para além do que proponho no blog é hora de alguns registros também.
Meu tema, aliado com a professora Luciana (de ciências), consistia na inter-relação entre as concepções de "Educação Sexual", porém percebida através de dois primas, a saber, a cultura e a biologia. Neste sentido o contraste mais genérico era a tensão essencial entre 2 sexos (masculino/feminino) e 3 sexualidades (hetero, homo e bi). Se por um lado, o ponto de vista biológico correu para as políticas públicas em temas como gravidez na adolescência,  DSTs, sexo seguro e métodos contraceptivos;  (1) a concepção cultural saía da relação opositiva entre natureza (biologia) e cultura (sociologia, arte, antropologia etc), para encontrar a sociedade e a maneira como as relações humanas são construídas de modo que tudo é atravessado pelo significado. Desta forma se propunham questões como “o que é o belo?”; Depois adentrando a esfera do mito, uma abordagem dos os (2) estereótipos de Vênus e Marte como padrões para o masculino e o feminino,  as relações entre homem e a mulher, o esperado e o inesperado, além da exposição de categorias (possíveis) para o homem e para a mulher, desta forma esperando que surgissem as nuances das questões para “o que é um homem?” e “o que é a mulher?”, expondo as variantes e possibilidades entre masculinidade e feminilidade.
Já o tópico (3) entrava na esfera do desejo para além da reprodução, questionando o que é a cultura, as funções do sexo, as relações de prazer e propunha as indagações como “o que me faz especial?” e “o que é desejar?”, para discutir as relações de afeto (amor, amizade e paixões). Por outro lado já iniciava a experiência de construção conceitual no deslizamento entre  Erotismo > Eros >  Cupido > Amor, Afrodísiaco > Afrodite > Vênus > Amor, o  corpo, a pornografia, o erótico e questão do desejar a masculinidade/feminilidade.
Tópico (4) - Política e ideologia, tencionando discutir machismo, femismo, feminismo, gênero, movimentos sociais (GLBTS, Gay Lib etc) .
Tópico (5) - Corpo e sexualidade: o além do sexo biológico,  homossexualidade, heterossexualidade e bissexualidade.
Tópico (6) – Preconceito e Violência: homofobia, racismo, bullying, opressor/oprimido, “quem tem o poder?”, “quem é o mais forte?”.
Tópico (7) – Os direitos:  Lei Maria da Penha e casamento gay (importantes, por que?).
Tópico (8) – Questões do eu e do outro: o diferente, os muitos seres humanos, o que é ser humano? Como a biologia define? Como a cultura nos apresenta?
Tópico (9) – Contextos Culturais: o homem e o salto-alto (Louis XIV), a maquiagem, a saia e o kilt escocês, mudança de sensibilidade e de códigos culturais.
Tópico (10) – Identidade e corpo: quem sou? O quê sou? O  que vejo de mim?  Definições de si e do outro.
Tópico (11) – Literatura (escritores) e sexualidade: Sigmund Freud e a psicanálise, Simone de Beauvoir e o feminismo, Michel Foucault e História da sexualidade, Geração Beat Americana (sexo, drogas e rock’n roll), Roger Peyrefitte, Willian S. Burroughs, Allen Ginsberg, Christopher Isherwood, John Rechy,  Jack Kerouac, Gore Vidal,Truman Capote, André Gide, Tennessee Williams, Pornôpoesia, Eduardo Kac, Glauco Mattoso, Roberto Piva, Ana Cristina César.Literatura canônica: Guimarães Rosa – Grande Sertão, Veredas e Jorge Amado – Capitães de areia.
Tópico (12) Literatura e música – ( a aluna resolveu abordar Queen e Freddie Mercury especificamente).
Por outro lado, houve ainda a resolução simbólica que visou fazer um tapete com os preconceitos para que  estes fossem pisoteados e literalmente jogados no lixo.
A lembrancinha, por outro lado, visava satisfazer os dois lados, biológico e cultura, era uma camisinha com um pequeno poema que apresentasse de alguma formas as questões abordadas.
No âmbito das competências de língua portuguesa, para além de toda carga cultural, o trabalho visava ações mais específicas, como apresentar as questões de linguagem e expressão (significante/significado), lógica e construção do sentido, formação das narrativas pessoais, leitura de imagens, intertextos, interdisciplinaridade, mitologias, ficções, elaborações biográficas e autobiográficas, narrativas fundadoras, leituras simbólicas, dissertação, habilidades de leituras,contextos culturais, definições, uso lexical (etimologia, verbete), cuidado expressivo, produção escrita, uso social da língua, representações, aspectos extralingüísticos, argumentação, usos derivativos, aspectos sócio-políticos.
No âmbito da organização a sala contava com a série de cartazes elaborados pelos alunos, um pequeno cinema (em que veiculamos filmes de gênero, show musicais,  informativos etc).
Houveram ainda outros cartazes de efeito que visavam ser discutidos e apresentar idéias como:
Eu amo pessoas.

I announce adhesiveness, I say it shall be limitles, unloosen’d I say you shall yet find the friend you were looking for. “Eu anuncio a estreita afeição, declare que ela será ilimitada e sem reservas; Digo que ainda encontrarás o amigo que estavas procurando”
Whitman – So Long!

Go left, go gay, go pick up the gun!
“seja de esquerda, seja entendido, vá pegar uma arma”
Variação do slogan dos panteras.

Meat-meets-meat!
(carne-encontra-carne!)
Allen Young

                                                               Cuidado, seus não-entendidos!            
Lema da Gay Lib.

Ficamos livres dos nossos corpos de modo a podermos continuar habitando-os.
Budismo.

Eu sempre disse que “homossexual” é um simples adjetivo. Não é um substantivo, embora seja sempre empregado como tal. Inverta a história.  O que é um heterossexual? Eu jamais conheci um.
Gore Vidal.

Historicamente gay era uma moça fácil, no século XVII. Diziam: “Ela é gay?” quando queriam perguntar: “Ela dá? É fácil?” E isso eu acho que não descreve precisamente ninguém. É um palavrão, apenas.
Gore Vidal.

Gay originalmente  seria um eufemismo: to feel gay seria sinônimo de to feel amorous; e to turn gay igual a to become a prostitute (desde 1870). Assim, a gay woman era a mulher que levava na immoral or harlot’s life.
Fonte: The Penguin dictionary of historical slang.

“Eu sempre sustentei que esse é o maior sinal de feminilidade no macho, querer ver outros machos jogar jogos”.
Gore Vidal.

Poemas  das lembrancinhas:

Filosofia Kac:
Para curar amor platônico
Só uma trepada homérica
(Eduardo Kac)

Te gozo!…
E bem humanamente, rapazmente.
Mas agora esta insistência de fazer versos sobre ti…
(Mário de Andrade)

Não faz diferença que forma tenham os corpos; o importante é a comunicação.
(Chogyam Trungpa Tulku).

A epopéia do amor começa na cama com os lençóis desarrumados feito um campo de batalha.
(Roberto Piva)

Uma tarde é suficiente para ficar louco 
(Roberto Piva)

O Eros quer o contato, pois tende à união, a supressão dos limites espaciais entre o Eu e o objeto amado.
(Sigmund Freud)

Corre o rio do meu amor
para o insuperável!
Como não encontraria um rio enfim o caminho do mar?
(Friedrich Nietzsche)

Nossas bocas só agora meio despertas fazem passar pássaros em revoada.
Nosso destino é construir palácios sensoriais nas praias obscuramente favoráveis.
(Roberto Piva)

A verdadeira poesia se encontra fora das leis.
(Georges Bataille)

Ninguém ampara  o cavaleiro do mundo delirante
(Murilo Mendes)

O vermelho da tua bocaselou tua entrada em trevas.
(Georg Trakl)

O sol e teu coração são feitos da mesma matéria.
(Pierre Reverdy)

Tu queres ilha: despe-te das coisas.
(Jorge de Lima)

Esta sociedade é uma gaiola para os mamíferos.
(Michael Mcclure)

Contra tudo que não for loucura ou poesia.
(Jorge de Lima)

Reprimindo a criança que existe nele, o homem moderno aniquila os deuses do júbilo em seu coração.
(Roberto Piva)

Há campos para todos. Caminhos não marcados a ninguém.
(Hölderlin)

…pois onde se fala uma língua de luz, nós somos lidos.
(Eric Meunié


REGISTROS FOTOGRÁFICOS
(tiradas obviamente no princípio de tudo quando tudo ainda estava bonitinho e não tinha ninguém pra explicar)
 O corredor

 Entrada.
Note-se a plaquinha que o projeto de trânsito da profa. Maysa me deu. 

 Alguns cartazes.

Mais coisinhas. 

 Então?

 Outro cantinho

 Então, um pouco de "carne"...

Orientação sexual não é orientação geográfica. 

Onde está o eu interior?

Minha equipe inquisidora:
missão fazer perguntas, sobretudo, muito mais que apresentar os trabalhos...
Beirão,  Bruno, Dalva e Gleyson.

E, claro, o Sálvio que fugiu  na hora da foto.

Bom, é isto...
Obrigado garotos!
Vamos ver o que acontece numa próxima.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

eu queria poder ligar uma vez. já o fiz. não gostei. observo de longe, de olhos fechados para não ver. não procuro. não tento. não penso. até sinto. não sei. como deixar a garganta livre para o ar, o ácido amarelado de angústia. é apenas meu. é o que tenho. eu te disse. lacan ainda estava certo. o que tenho para te dar, você não quer. renúncio a possibilidade. a memória registrada em tinta. sem versos. é guardanapo sujo com três palavras não ditas. meu crime. não ter deixado. e apenas isto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

o corpo dói, deveras,o peso de um não como um livro atirado na cara. eu te olho, de longe, você vem até mim, meio de lado (sempre te imagino na esquiva)e me sussurra aquilo que não posso ouvir. talvez eu já saiba um pouco. desisto do divã. não acredito no apocalipse, mas apenas tenho sono. nenhuma fome. não sei fazer versos. não sei o pra quê da poesia. violoncelo que corta pulsos, não toca a alma. tem muito ruído, não penso direito. a rua não para. hora de uma última carta. aquela que você nunca me disse se recebeu, mas também não faria sentido. não teremos paris, embora possamos ter viena. entre os livros eu descobro o 'não me quer' tão diferente do 'mal me quer'. como é diferente o querer. releio de leve os lusíadas, como quem anda na ponta dos pés, como se as letras cortassem. mas nunca consegui levar à sério o em nome da rosa. não escrevo bem, leio algumas coisas.pensei em publicar em algum jornal, mas qual? quais opções se pode ainda fazer. meu personagem não tem nome ou talento incomum, jamais poderia ser um bom herói ou exemplo. ele acorda,come,lê e dorme. fim de história. escreve timidamente um "hya imām bumim adā, hya avam asmānam adā" que ninguém saberia o que é; o mesmo acontece com os símbolos grafados no ombro esquerdo. mas antes que você me diga que os “fundamentos em que o juiz analisará as questões de fato e de direito” sobreleva-se como parte essencial da decisão esta dorzinha que não se diz, mas que todas as manhãs o desperta, corpo suado, abandonado na cama, febre de dúvidas no mar das incertezas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Blá-blá-blá

Neste exato momento: malas quase prontas, quarto virado do avesso... algumas conversas dependuradas... @thigtok, @rodolfopreviato, @Lawlypop,
descobrindo os roteiros para Criciúma, ao som de Blondie, Call me. Curso de persa antigo quase terminado... ensaio sobre mitologia da Avesta pronto e revisado.
há sempre está ideia de poder desistir em cima da hora.
viajar sozinho, território desconhecido, para longe da bolha.
não sei se devo mudar a estrutura do meu blog,não sei sobre o que sei escrever... não sei o que valeria a pena... ou quanto pesa.
Lista relevante de importâncias.
Hora de escolher a companhia para viagem.
Rum na bagagem.
François Perrier para conversar.
Notas, algumas. Post-it... melhor não.
Acho que não sei mais escrever. Não como antes.
E isto não impede nem altera a chuva torrencial que desaba lá fora.
Mas eu ainda estou por aqui. Isto não é bom, mas não é ruim.
Duas horas da manhã: se não der sinais de vida depois das 6 da manhã, procurem minha indigência.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

falsete

ouço a canção da índia, de sadko, rimsky-korsakov. um ponto sobre outro. talvez eu tenha tão poucos mistérios. o garoto com o guarda-chuva pingando é quem passa, como todos, não me vê. o café ferve aos olhos. o que fazer para além desta conversa que não existe? eu pensei sobre as horas, sobre aquele futuro. e se o passado luminoso das estrelas realmente disser algo sobre o futuro. sou analfabeto nesta escrita. não sei ler, é o desastre. o des-astro. o que posso te dedicar. o menino 3.0 tira da carteira uma foto, sorri, o canto da boca repuxa, a pálpebra direita treme levemente. é outro garoto. uma carta foi enviada, um convite foi feito. não sei nada de leis, não entendo direto. eu me escondo no nome. no pão com torradas. um mais de dor grita sem ser ouvido. talvez pintasse se tivesse olhos. mas o que eu vejo? tudo excede a isto. eu poderia te dedicar um pequeno florilégio. poemas são flores, sabia? schubert continua. não faço orações antes de dormir, mas coleciono trevos de quatro folhas. joga teus dados mais uma vez? quem sabe eu ganhe um beijo... um sonho a mais...

domingo, 18 de setembro de 2011

um beijo

do que retorna

andar na rua, apenas. só. os braços laterais ao corpo. o que se movimenta ao vento são apenas os cabelos, os pensamentos não podem ser esquecidos. o que pode ter acontecido?
no fundo do baú, o medo ainda.
sobre as mesas as cartas abertas.
nas mangas, coringas.
algum dinheiro no bolso.
talvez esta fosse a história da distância entre eles, se houvesse um eles. um tempo distendido como tabuleiro de xadrez. neste jogo sou apenas um peão, descartável, podendo ser dama até o final do jogo, mas isto não importa, andando estranho, enviesado, sem armas ou nobreza. é como se eu visse como as mãos movimentam as peças e soubesse o que esperar dos dois reis no fim do jogo.
o tempo se tornou uma peça a mais no jogo, as linhas que separam as casas brancas e pretas e que ninguém observa.
quem retorna aqui é apenas um fantasma, um caco de existência que ainda corta e desponta na pele.
Badtime Stories toca no fundo. Talvez seja pra mim. talvez não. ainda leio Nietzsche. corre o rio do meu amor para o insuperável! Como não encontraria um rio enfim o caminho do mar? O alemão não conheceu o Tietê e a lógica de São Paulo.
talvez não devesse pensar assim.
tenho tantos papéis diante de mim e nenhuma vontade de...
talvez a vida seja isto, atravessando, corpo denso, os fantasmas que retornam, mas não podem mais nos tocar.