quinta-feira, 1 de outubro de 2009

cansado da escrita que me atravessa e me atropela. na vontade da distância, o abismo. o coração que bate desritmado. a arritmia como verdade última deste desejo de solidão. dessa vontade alérgica. entre águas. o pesadelo, a cama, o frio. tudo tão listado e com tabelas de preço. com esta dor dos artelhos. os pés que ainda doem lembra o deserto. as palavras áridas. o passeio espanhol entre navalhas. o vento que rugi os dramas de uma telenovela já há muito esquecida. tão... sem épico. tão menos heróico e sem verdades. a maquiagem ainda salva. sem políticas, sem peles. sem vontade. o corpo sempre caí ao final do espetáculo. é imprescindível. é necessário. vontade última da imagem. sem flores ao fim. sem champagnes. sem comemorações. apenas uma lápide vazia e repleta de mentiras. tão ficcional. agora sentimental. ainda, talvez, biográfico. tão filosófico o espelho e os pincéis. tantas cores e pós. o drama de um matiz singular. o que escolher? o rosto pálido e clínico. o rosto moreno e dourado de sol. o rosto sem rosto, vazio. a identidade suspensa, ali entre fronteiras. as fortalezas do eu em ruínas. a poesia impossível de verdade. a coisa deixada. a coisa roupada. um copo. tão segredado. o fio do raciocínio do impossível. como tal labirinto que se abre em asas sobre o horizonte. sem horizonte, o que resta é a cadeira ainda quente e deserta. sempre voltamos ao deserto. neste deserto de lençois bagunçados e livros jogados. de papéis esparsos e tantos rascunhos de cartas de amor sem destinátario. o que fazer para encontrar? s'encontrar? ente do endereço último. da vontade perdida. sempre perdas. sempre quedas. sempre forças e forcas. onde estará a corda significante? as garrafas vazias. lago largo de angústia sem desejo. as coisas se repetem como as cartas de um jogo sem fim. não há motivo, mas há desejo. as cartas retornam como outro matiz. outro gesto de ajeitar os cabelos. bagunçar as verdades únicas de um trevo de quatro folhas. a ligação ocupada. as casas vazias. sempre a angústia desse vazio impossível de ser preenchido. aqui. tão musical. agora chega. não dá. o vazio fica. ainda e lateja. ecoando nos corredores.

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