terça-feira, 29 de setembro de 2009

lys


narciso geme

a Valéry.

o lis lânguido despido do desejo de tua nudez, vertendo e versando sobre os corpos jovens das palavras, fontes de sussurro, som, sentido. sem tudo, no entanto, os hinos ao sol se dobram em lágrimas loucas. compreendemos a relva das peles. a lua de teus olhos observa-se neste espelho de largo horizonte de rosas harmoniosas em que os espinhos só querem o alvo da tua pele. esqueças o riso da hora antiga. a triste beleza das fontes mágicas em desespero. exploramos a chave fatal e pura deste teu predestinado sorriso em que afundas e capturas nestes olhos de um mortal azul. imagem de úmidas e humildes flores coroadas. ondas franternais de calor se erguem em ametista. deveriamos estar lá, embaixo, abaixo dos céus. entre outras estelas, à sombra das estrelas. espelho de sonhos incensatos. a hora última é tem um perfume no coração suave. a teu lábio, o espectro dorme em seu sonho apaziguado. a meia-noite segredo, meia-voz, meio-vós, nos cálices de teus ombros, pálida flor em pálio pálido, a incerteza! a solidão eclode tristemente nesta cadeira de adolescente e doce princesa. a hora mentirosa é tortuosa aos teus desejos, neste crepúsculo em prosa de um azul encavalgamento que tropeças na noite. sobre teus lábios, a gema morta do sonho, aliança de estrelas desconexas. entre o funeral e enlevo, as fumaças e os perfumes me exilam. queria este beijo noturno e fatal, careço deste doce crista... toque-me o ombro, a mão apenas, verse para a lua o teu sorriso, tua flauta isolada. versos de lágrimas distantes em urnas de prata.

domingo, 27 de setembro de 2009

as regras que não se atrasam, quebram-se. por muitas vezes o rosto borrado pelo sono. os pés doloridos. o estômago que dói num vazio que não é de fome. é tão gostoso tomar banho de chuva. é tão bom encontrar-se consigo assim num aberto que é um beijo do vento.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

algum horizonte

psalmo 119.
o salto aperta no sobressalto das curvas. o corpo feito ladeira. as lágrimas rolam morro abaixo. zigue-zague de sombras pelo horizonte incerto. uma língua incompreensível: bater de asas de corvos, rumorejar de gatos. não tenho defesas nas trevas. (a)saltei teu túmulo e risquei os versos de tua lápide. uma névoa inglesa me engole e me atravessa. destrói meus largos e dourados corredores em rococó. o gótico oprime. o policial espreita o crime. três que são quatro. mais duas. mais dois. mais uma. mais dois no último dia. só os quatro. que são excessivamente três. baforada de cigarro. efeito de assombração. comendo dinheiros. ouvindo marlene cantar e arranhar a garganta num beijo rouco. a cidade salta estranha aos olhos. afoga meus olhos no fundo de uma das 16 taças roubadas. taças roubadas como cartas perdidas. uma carta pedida. um bilhete secreto de recomendação divina. "se beber, não pule. jamais." a valsa se perde num corredor escuro sem abraços. tilintar de falsos cristais. deixa de ser tão de esquerda, ouve este barulho infernal. uma lágrima escorre contra o vidro da janela em que teu vulto de cabelos desgrenhados repousa a cabeça. o ônibus chacoalha tanto que creio ter perdido 2 virtudes e a alma n'alguma curva. tão sentimental! a lágrima como rastro e o ponto do ponto de exclamação. os bares. o neo-clássico. modernidades. curvas. nas casas. na cidade. nos homens. um quarteirão esquecido dormindo n'um sábado à noite n'um quarto de hotel. 1577. bem nas alturas. bem fácil de voar. e, apesar da dor, é gostoso voar. seja 5 andares, 15... ou 3 metros. procurando endereços incertos. telefonemas que não vem. os telefones surdos e mudos. a ansiedade radical pelas ruínas desta sombra refletida. um pequeno objeto que resta vinte horas depois. nem mesmo um santo pós-moderno e cosmopolita protege os inocentes. dedos mergulhados numa taça de dry-martini. n'uma panela de barro ardem desejos tão incertos. saltos e frios ao longo do pescoço sedutor que nada seduz. e tão minerador pobre... sem palavras. o preciosismo escapa. a cidade tão pequena e igual. e larga. resta a ascese do jesuíta em prece. sem pressa. sujeito obscuro na linguagem. sujeito barrado em seus desejos. sujo e sereno nas ruas. no torvelinho da chuva. entre letras, cafés, rum, morangos. a flor d'alma na mão. o pé doendo como prova de vida. vida que resiste ao mergulho em álcool num salto de 3 metros. e tão místico deixa a cidade. estranha me levas. n'uma sensação de que nunca cheguei. nunca, parece, que estive lá.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

amanhã, porém, ainda hoje

meia-noite.
é meia-noite quando os violinos cortam a cidade ao meio, as duas cenas se decompõe. o corpo rola na cama. os latidos dobram os violinos num corpo somente. essa dor que há e aí, ai, aqui. vibra. há tantas lágrimas mal-passadas. o violão a um canto. os bilhetes sobre a mesa. o diário que insiste em gritar comigo. não escreva mais! não há uma noite serena há tanto tempo, mas há tanto frio e sereno todas as noites. me reviro na ausência dos meus 16 anos. as rugas e os cortes de gilette no rosto me escondem como um corpo, a caveira que não lhe pode fazer bem. esqueço de mim suspenso no pincel de um artista que chove numa praia de uma ilha distante. as asas quebradas da imaginação se afogam num mar de cores. impossível o preto e branco diante da dor que dilacera os pulsos convulsos e confusos diante da dúvida. onde estaremos quando parar de vibrar o tilintar dos copos neste jantar falso que se abre nas champagnes diplomáticas e sorrisos amarelos. o mar de mim que me afoga e me faz engavetar todas as lembranças. je meur de toi. encore. as línguas reviradas no meu silêncio. por una cabeza. y nada más. não posso salvar isso que não escrevi. dias de desastre para além do apocalipse. um muquifo de quinta. 4 segundos para um não-último-beijo. um beijo que jamais houve. o maior problema de um ser pensante é o corpo. o indízivel da pele. do perfume das peles. do desejo de pele. todos os ecos de um refinamento tão século XVI. quem disse que há sono? que há o dormir? tenho o começo de um poema que não se resolve.invento a rubrica desta pessoa, peça deixada de lada. vai viver. a vida crua e posta numa bandeija. ainda é meia-noite.

domingo, 13 de setembro de 2009

cartografia

1.2.3. 140. tantos espaços. tantos vazios onde o eco da falta passa e falha o chamado: o grito não alcança. do you believe? onde a chamada faz pontes sem pontos. um moderato breve. as coisas que não se resolvem no mapa. if & if & if. florianópolis, são paulo, belo horizonte. onde antes havia uma bela vista da infância agora há a servilidade da felicidade. tão escravocrata. cataratas do iguaçu. puros pontos que caem no globo. babe, you gonna be with me tonigh? não sei perguntar. siga reto, toda a vida. essa tua vida. o que resta? conversas com o diabo numa mesa de bar. eu vejo por onde as mãos alheias passeiam nos corpos alheios. uma prosa que é puro estudo de referências. casa verde. fachada vermelha. você sabe onde fica. esse meu olho daltônico. walking in poetry, menphys and delphos. phi. ômega. ouça a voz no fundo da música. aquilo que reverbera no profundo do timbre é sempre interessante, mas não o mais importante. vitória, porto alegre, frankfur. reprodução proibida. por mais que tentes nem cópia terás. nem aquele produto que anda e fala. e corre e te persegue no escuro. link quebrado. batida no copo. batida de carro. juiz de fora, rio, recife. preciso acertas os eixos do não-sei-onde. entre los angeles e ouro-preto. paris, londres, milão. a roda do vulto me irrita. tao fake. a voz do nojo. há músicas impossíveis de ouvir. lifetime. tão turístico. [esconde os traços tão século xvi disso tudo]. nenhuma anomalia evidente. calos novos. aguente o ballet. caminhe rápido. aguenta isso. pernas suspensas. d'ac. tão cliche e tão cerebral. espaço ocupado pelo exercício. depois das naúseas de ontem, o vômito das 1h54: restam poucas palavras. grito no silêncio abafado e oitavado dos phones. espero as malas p'ra partir. 20 segundos para o último sorriso.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

minha cama está fria e nem dói
tenho um buraco no dente
de fome
e alguns cravos no
jardim.
no silêncio de uma lápide
giro meu leque
sorrio fácil
50 mangos
gato
e meu coração
te é entregue
sem rendas ou laços.
sem nós.

especulum

o porquê me atropela os trilhos, descarilho na trilha selvagem entre os objetos de toucador. na lembrança há um espelho de mão sequestrado. insisto no não grafado na superfície plana e longilínea da mão. não poderia. não deveria. há uma raiva vazia afogada em uma caneca verde. a fome conduz os dedos. a fuga dirige os olhos. o rasgo por onde vazo de meu vazio. desenho as letras de meu postal mentiroso. suspenso nos ganchos e vírgulas o corpo não grita, deixa-se atravessar pela escrita. um desejo politizado de ser-se, mesmo não tendo sido. não sou capaz de acreditar no que faço neste deserto de espelho. giletes também são espelhos. uma branca sombra de pó faz as pálpebras se agitarem em flashes. não pense para além do pincel. o curvex da dúvida. o jornal engana, mas vende. não compro o corpo vivo da esquina. prefiro cadavéricas sintaxes entornadas. a palavra truncada no desejo silencioso da covinha que agora já é ruga. e lateja. ninguém percebe que este eu é tão terceira pessoa que nem chega a ser o principal da cena. puro motivo retórico. toco (o) orgão. sinto cheiro de canela, cravo e violino. mastigo uma flauta doce e a cólica do crime advém. ana ri de mim. leio poemas anoréxicos. uma língua me corre as costas. é o dedo no espelho. não entendo de leis ópticas, por isso salivo. cão abandonado roendo o osso dos sons que a palavra não diz. um rosto de súbito aparece, dorso em decúbito, muitas lágrimas e um soco no nariz. violência final: nota de puro efeito especial. os copos gravitam. apaga-se a luz. adormeço na curva dupla do espelho.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

dramma per musica

tua boca se abre, caverna escura conhecida pelo ecoar dos passos, no meu sonho. sinto em filetes o gosto de tua pele entre os dentes. violentamente seu cheiro me invade o estômago. sei da dor de gozo da marca roxa em teu ombro direito. a mão esconde a coxa. tudo é sonho. pesadelo em notas falsas que não pagam minha entrada na farsa. dizes qualquer coisa em inglês, parece horrível, mas não entendo. bato os calcanhares diante da estrada de tijolos vermelhos. bato a piteira para espantar o mal. as cinzas são futuros diamantes. perco os laços que me atam ao corpo. se houvessem anjos por perto, certamente os veria. ainda é um sonho racional, é meu sonho, insiste o coelho pensante. meu sonho: é julgamento. crime genial. sem mortes. minhas costas sempre doem. o vestido não fecha mais. sonho de infância. sei que não me desejas no fundo da tela. os relógios se fundem com os ovos num vão sonho surrealista. fumaça de cachimbo. a dor que dói e que se sente, senta aqui do meu lado. um último pecado. a cadeira manca e balança sem uma perna. se faz tripé de pitoniza entre ser-pentes. o augúrio nunca é bom e independe do rosto. sempre há sangue, muito sangue nesta dor de estar sozinho. e querer estar junto. e só. mas não há. nem pode haver. se pode ver?. recito uma matemática impossível no ar e que se some ao contato. e perco o sono e ainda sonho. cisne suspenso no ar noir. pato recheado sobre a mesa. invento uma crença difícil de crer e por isso cerebral. o ponto virá quando dever vir. tento não esperar. a borboleta que desenho sobre a caveira bate as asas. puro jogo significante. soco a maquiagem. seco o rímel. soco teus dentes. costela de adão fremente. rasgo três capítulos desta história. o paraíso perdido do sem fim no espelho. mando minha corja de leões à caça de diane de poitiers. assino o virtuosismo italiano com finèsse francesa. não me importo com seus esportes, tenho minhas artes e meus leginários. rearranjo os cachos e assino. Amour, Christine de Lorraine, a XIII mulher presa nos versos de Ronsard.
a cidade abre as veias cortadas nas curvas pelos vidros de uma garrafa. entorno um lata. café. chocolate. mais de 48 sem dormir. e compras. fúria das compras. três porquinhos encontram o lobo mau do capitalismo. mas tão gostoso. sedutor. depois do desastre da vida em ruína. ("o que você tanto escreve?"). as páginas acumulam. sedex para holly. posta de Key West. compras na 5th avenida. se tirarmos alguma coisa ainda pode ser ruim. ao largo da praia. a inveja do céu refletida no mar. a cidade sem grandes prédios ruge. o rouge da faze. os solares caem. o sono e as bolinhas coloridas da dor. ("quanto vale um vazio?''). no entanto, a sintaxe reverbera, as aliterações resistem, palavra de resistência que não saí. a coisa que fica. a coisa que vai. três tons acima do normal do real. desisto. costuro as veias das linhas. en-cerro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

a Gil. a Rôdy.

dói tanto que o estômago convulso não segura as palavras. gira e entorna. o espírito santo, a vitória, sempre me salva. eu não queria, nunca. ficar preso com a face desconhecida. o vômito da ignorância que pulsa e lateja. tenho tanta saudade. tenho tanta. tanta coisa. e as coisa ficam aqui. ardendo. nas pernas nuas e no joelho direito esfolado no caminho da cidade de esmeralda. o mágico de oz não pode me ajudar. um copo. dois. três. quatro. um litro. a garrafa. o gargalo. dói. eu disse que te queria? queria sim. mas você nem pode ver isso. sua janela saltitante tem as cortinas cerradas. é a velhice dos meus 21 e de sua adolescência mesurada. eu liguei pra tanta gente. eu precisava de tanta gente. e resto sempre só. dor e lamento. ópera de violinos sem cordas. minha flautista está longe. eu fico apenas com o vestido. duas palavras doces e já caí na rede. eu sou tão fácil. tão prostituta de esquina sem sonhos que sinto nojo. arranjo os saltos. retoco a maquiagem borrada. não, você não vai fuder comigo nem com meu caminho. eu não vou dormir contigo. eu não abri mão de esperanças, mas as cicatrizes doem. bad master. eu tenho meu herói inalcançavel e ele não se chama Aquiles. uma ligação salvadora que me impede de voar. o fogo do estômago não é facilmente curável. só queria que tu tivesses ciência do quanto gosto de ti. o telegrama ainda não foi enviado, a mão não escreve as notas, não tenho o endereço. e machuca. insisto. peço desculpas. e nem mesmo é o alcool. mas esta caligrafia diária de jornal barato e sangrento. quero água. preciso. vem me colocar pra dormir?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

a andrea.

These poems
a world perform
black-and-white
I do not like colors
escaping from red
rather sepia tones
old cinema
forgotten crayon
by Leonardo.
here I am
so far from California
from Venice
for irregularity lyricism
no innocence
no cigarettes
drift
twist compass
I did not learn how to swim
and every way leads me
to Pasargada.
I am hooker
ran away from Rome
and do not want
place
to get.
a Andrea

you do realize: not listening
and I look your lips
as I wasn’t listening
through your words
and when you stop:
I wait my kiss.

argonauta

[ao rapsodo que escondeu a voz]

não quero olhar o relógio. basta saber a noite. um fio de suor escorre ardendo nas costas. palavra inaudita. como abrir as portas do templo? como cerrar as portas do tempo? não lhe quero mal. até lhe enviaria flores. uma coroa de flores amarelas. e tomamos chá no salão azul suspenso com duas ladies. as rodas saltam aos solavancos. temos público, platéia. o cigarro é cenográfico. (em meia-hora te encontro nas quatro pilastras, embora não saiba me mover muito bem pela cidade). tudo não passa de puro efeito de projeção. sucessão de dores selecionadas cinematograficamente. bilhetes deixados nos degraus da escada. um-a-um. fragmentos não lidos. assino um rabisco. (uma feminista americana me mandou um postal - não chegou - correios machistas). chá inglês nos trópicos. minha francesa tão longe me manda champignons. sem nenhum problema de identidade queimamos os passaportes. voltar? para onde? para uma porquinha chamada barcelona e uma que virá a se chamar nova. empreendimento de matança. 3 moedas novas. o que eu posso roubar de mim mesmo. a americana tem os olhos vermelhos de cão raivoso. a inglesa tem olhos fundos e guturais, digo, tão culturais. sei esperar e isso dói. as bibliotecas pesam. galhos rangem. isso é lógica. as dobradiças do corpo não permitem mais que as idéias vaguem livres na pele, livros na pele, sobre a pele, rasgando a pele. não sei mais o que é desejo ou impossibilidade. é preciso da morte como ponto final. baixela de prata para depositar a cabeça. comecei o período, sei como acabá-lo. o fim-final último do drama: 15 segundos antes da cortina. sem nenhum abraço. sem ritmo. somente os diamantes sobrevivem aos diários e ossos. o resto, pó, não levantará no último dia. mergulho extremo e intenso entre a poeira das estrelas. passo de náufrago. achar e se tornar constelação. o grito.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

procurando o real da ficção: tentando montar o quebra-cabeças. um outro joga cartas a um canto. reflexos do espelho caído. eu quero o que você quer. as flores não abrem. possibilidade última da melancolia. as máquinas de pensamento desabrocham em puro óleo e potência. eu quero porque é você quem quer. o ponto oscilante da estrada na curva do pensamento. na curva do verso. moedas lançadas como último desejo. sem fadas. eis o irredutível da maquiagem: a mancha. tudo o que resta é o olhar vazio e fixo do morto. água-forte dos paradoxos. um telefone. um pincel. papéis. tantos papéis. a chuva. a dor da chuva. a dor estética da chuva posta no quadrado do quadro. o vazio aberto. a vontade de não falar gritando de leve no ouvido, quase como sussurro deste desejo sem saber o quê. vontade de... a chuva continuamente irritando a pele. os cabelos úmidos, não de desejo, porque não há. mas insiste. aqui e ali. entre as cartas, uma peça que falta. procuro e não encontro. o jogo incompleto de uma paisagem impossível.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

cansei. calores e frios. a pele retorce, resta um pouco de tosse. vontade de desenhar nos ouvidos abafados a possibilidade última de um múrmurio. rasgar as páginas de um dicionário em inglês. há o que se lê. você não me deu, não pediu e não me deu um beijo na boca. a sola dos pés restam em poeira. junto aos ossos da estrada há aquele resto de flor, aquele vestígio de maquiagem, aquele frasco de perfume acabado. não consigo sabotar partidas, as coisas que vão e vem. acho o livro escondido, mas esqueço de ir aos correios. espero apenas um sim. se me disseres, tão lógico e coerente, eu vou acreditar com muito amor. mas não sei, apenas ouço um pouco de música no fundo azul do céu que não reflete nos olhos lânguidos e fechados. o vento bate, de leve, unhas contra a pele. cravando os dentes neste pedaço de papel em branco. há cera,os lápis. os olhos, as olheiras. os brincos jogados a um canto. é tão simples uma resposta, mas esta barba mal-feita, mas este pijama amassado, essa voz pesada de cigarro. lançando dados, as mãos nuas embebidas na melancolia deste bilhete. a dança feita numa noite ex-cusa. em que as meias pontas de pés e cigarros se lançam e não se vendem tão facilmente. hora de postais. (eu quero brincar de ana contigo, aceite meu endereço). não há certeza na dor. a janela e a chuva. o encontro das gotas para além do já-hoje. sem sonhos meus. acordo atrasado, corpo suado esquecido como marca-página.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

No knocking, come in

“-Do you wanna go for a drink tonight?”
I write while you think
You wonder have something to say
(the voice whimpering in the bedroom
rolling in the dark carpet
dust near
in the detail
three cigarettes)
above sold words
on my skin
on my face
« the superiority journal»
the bleeding letter
(often coming to me
while I indeed sleep)
.trait perdue.
lacerate note:
closing real doors
opening land
burning receiver
misery perfume
calligraphy
(do not write me no more)
maculated in wine

entrez sans frappez

"- tu veux prende un verre ce soir?"
j'écris tandis que tu penses
avoir besoin de parler
(la voix au fond de la chambre
dans le noir tapis
ensemble à poudre
du détail
avec trois cigarrettes)
sur les mots gravées
dans ma peau
dans ma face
«le livre de ma chaire»
cicatrice de lettre
(et parfois tu viens à ma porte
quand, moi, je m'en dorm)
.dead-line.
j'ai déchiré.
sans réel
sans terre
sans destinataire
quelle tristesse ce parfum
de caligraphie
(ne m'écris plus)
plongée dans le vin

Prometeu ou O anjo suicida

the game

Caio F. nos poços