ao som de Franqueza - Maysa.
tenho medo do escuro. desse escuro que habita os saxofones. este resto latejante que insiste em coçar no fundo do olho esquerdo. não consigo dormir, assim, no rompante de mim. cubro com sedas o espelho gigante na parede. tudo é tão próprio e calculado neste quarto sem passado. onde as teclas doem. desconexas. só sei que desenho no íntimo dos versos. só posso ter senão medo. os livros não me abraçam. há brasa na pele. que queima e devora. e espelho que murmura, debaixo do pano, risos ácidos. o cachimbo me é indiferente. é tudo pura dor estética. tão colorido este vermelho vermelho que parece sangue vermelho que salta e dança de uma veia azulada, quase verde. a dor, a própria dor, apaga a tristeza. a angústia some em palavras soltas. gira em torno e evapora. o escuro devora... lentamente. me entrego a esta parcela de morte. um gole quente de whisky e lá se vai a imagem sacrificial. zonza. zique-zague. borrando paredes e maquiagem. mancando no caminho dos sonhos. faltando ao real. no puro black-out do terror.
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