segunda-feira, 19 de outubro de 2009

tem dores que doem devagar. assim, no vagar das ondas. no vagar dos bancos. este vazio lateral, essa lateral que esfria. o vento que bate. os olhos que se perdem na amplitude. não poderias escrever um bilhete melhor? ao menos. uma certeza poderia. que me diz a ele? as coisas se abrem. o menino se olha ao espelho. as borboletas fazendo gravata no pescoço. abrasando a pele. marcando o vazio de uma voz que aos poucos se esquece. a janela aberta aperta o peito. não se pode respirar. um assim preso no quarto. o ônibus que passa diante das retinas lânguidas. dentro do ônibus um outro, assim, meio de olhar preso no vidro que passa. adiante, num último andar de um edíficio um corpo balança. os pêndulos dos relógios vibram sem certeza algum. as horas se adiantam e se perdem. e se mentem. se enganam. como correr na estrada. como sobreviver no asfalto sem esfolar os joelhos nas laterais. como se esquecer e se encontrar n'um outro corpo? tantas perguntas guiadas para além dos vidros. o trinco da porta tilinta como um cristal. o lustre da sala despenca. o não querer viajar. a necessidade de sono eterno. de dormindo, morrer e se esquecer. assim. codicilo sobre a mesa. biblioteca murmurante. o olho, as rugas, o cansaço destes corpos alheios que espremem frutas. desta coisa tornada enfeite. do livro que xinga. o mau-humor corporeo tomando chá nas esquinas e vendendo prostitutas como souvenir. a correia das lembranças é um mercado barato. perfurmes diluídos em água. a mão torce a chávena. a última chave. ela tranca o quarto. apaga a memória. não quer mais além das paredes. e dorme.

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