terça-feira, 27 de outubro de 2009

resta um pouco de fumaça nos pulmões. não há tosse. tosse no sentido explícito de tosse. não há nada. sono que deveria vir, não veio. há uma exclamação dolorosa presa nos joelhos. os artelhos sufocam devagar. um pouco de cor à nuca. um jeito meio irrefreado de se fazer vento. quem sabe? bem queria. ainda presto atenção em detalhes que não deveria. as pernas lamentam. e muito. demais. sempre excedendo o corpo além do corpo. a dor. como não confundiar as palavras? como não trocar os rostos? como se valer desse resto de grito preso e silenciá-lo no momento final deixando os sentidos, assim, meio suspensos? não saberia dizer se no próximo ponto te encontraria. neste ponto que aqui vem. aqui. ao lado. as forças da vida não bastam até este certo e tão incerto ponto. pontuo bastante. ponto em que a maquiagem se dissolve em água. o órgão está livre para fecundar a música. crava os dedos lentos e certeiros neste corpo que se entrega. a mão que toca a outra mão é também a minha mão. gesto sem alternativas deixado no puro desejo para alternância. se erro não é por vaidade. se não corrijo, sim, é este pouco orgulho da escrita ainda úmida pela saliva. tão delirante e grosseira quanto um gole de cachaça. o sol deixa manchas brancas na minha pele. para onde ir? não queria aceitar esta última proposta. este convite cheio de mesuras e laços. não quero me enforcar no caro lustre de cristais vulgares de teu palácio feito fumaça e cinza. escondo um desenho. feito de olhos fechados. pelo prazer da mão. uma ou outra. libero nos desenhos um pouco da fumaça que há entre os pulmões. nas reentrâncias extremas do externo. apito o ponto.

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