quarta-feira, 14 de outubro de 2009

olho os rosto que passam. procuro neles o vislumbre que me faria reconhecê-lo. que sei de ti? sequer sonhei tua imagem, no entanto, como fantasma me cercas. trajo luto. um luto que cheira a novo, da cabeça aos pés. a alergia não suporta o cheiro das flores mortas. a voz não suporta este corpo que a sustenta e a escrita, que lhe machuca, no vão dos dedos. olhos claros ou escuros? de onde virá o futuro? mordo a palavra que quero dizer, mas não posso. o preço seria demais. ex-orbitante. por vezes é o valor de uma sintaxe obscura que os rosto escondem, oblíquos, meio de lado, uma terceira pessoa impessoalissima que ouve tudo atrás da porta. supirando em cantos dúbios. pausa significante. queria apenas o mínimo. aquilo que resta depois de um abraço. o contágio da pálpebra. o reflexo vermelho da retina. uma procura. uma pergunta. que horas são? nossa como o tempo está bom... será que chove? não. há o arroubo de deserto no peito aberto. o pó que a boca espirra. respira. respiro. meu coração está entre as frontes e palpita matematicamente. não olho meu rosto. e se já sentastes do meu lado e eu lia e não te vi, dado que, assim, pego pela letra, amarrado nas vírgulas tensas, amando a mancha escura que me falava baixo e, mesmo te desejando, te ignorei... vês o risco que corro? mas sempre fecho o rosto e abro o livro. desfecho fúnebre. procuro nestas sombras, olha o clarinete assoviando lascivo, que me devolvem a brisa do que poderia ser. tu poderias não poder? te procuro, ali. ainda insisto no rosto, para quem não sabe, no espaço aberto das faces, encontrar um nome. ali, no fundo oculto da página em branco.

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