quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tribunal da Inquisição

Fiz uma pequena relação do que não deve acontecer. Tracei um perfil. Não tenho a pedra da verdade, mas sei usar o âmbar amarelo de Tales. Um texto só é confessional, na medida de quanto mais cifrado ele vale. Ou quanto mais ele aparenta suspender o seu tempo imediato. Um isqueiro preto e olhos profundos fazem sentido pra ti? Eles armaram as grades de Smolni, eu fugi do tifo, pelo Cáucaso. Entre fumaças e varandas repletas de papoilas desenhei um imenso rosto em nanquim, escrevia na linguagem do impossível. O labirinto está armado, o Minotauro, de jaqueta de couro e motocicleta, esperando algumas curvas adiante. Tu consegues atravessar um retrato? É preciso tirar o limo, o excesso. Ou talvez não. É preciso saber jogar e lhe ofereço um jogo novo: um xadrez de apenas 14 peças em que as peças mudam de função a cada movimento. Uma dama poderá assim, talvez, na pior das hipóteses, ser um rei. Contra-senso? Não acredito. O mais divertido do jogo é que ele pode não acabar. 64 possibilidades. Nenhuma cabeça rolando. Um jogo preto no branco. Não faça caras de menino rebelde ou latino sedutor, pra mim isso não vale nada. Meus sapatos preto 14% são mais cruéis que seu punho. Então, esquece e não acorda. Não mande flores no dia seguinte, teu perfume irrita, seu corte de cabelo é péssimo. Cansei. Assina o curriculum, deixa foto e envia pelo correio. O epitáfio de 1727, na Abadia de Westminster, não fui eu quem escreveu.

Um comentário: