quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DIETA

Estou cortando palavras. Voltei aos velhos cadernos. Encontrei um dos meus, de matemática. Epígrafe idiota. Vida em preto e branco por trás de uma capa vermelha. Lição do dia: ângulos correspondentes são congruentes. Lógica distorcida para a mesma medida. Não me chamo Hipotenusa. Não sei ser radical. Meu índice está fora do real. Sabemos que é preciso simplificar, reduzir, mas não resta nunca muita coisa além das palavras ecoando. Ondas. Pode-se interpretar a igualdade, mas expor o corpo sem nome. Número marcado num código de barras. Quais as propriedades? Onde situar? Meu inconsciente faz vezes de co-ciente e não posso listar os fatores. Resumidamente: 037000211662. Resolvendo às avessas o enigma. O que torna uma sentença verdadeira? Um acréscimo de informação não muda o percentual de entendimento. Um gráfico poderá ser artístico? É preciso reduzir a voz ao mínimo, sem expor o desejo. Sei apenas do que me dizes e não dizes muita coisa, mas não me assustas. Tuas frases estão no grupo das não-inteiras, fragmentadas e obscuras. Dê-me a terça parte de mim, é um número ímpar refletido enquanto dorme no espelho, mas não é o inverso de mim. Eis o sistema. Identidade total, mas nem sempre semelhante. Minha sombra tem pouco mais de três metros e quilômetros de terror. Olhe-me apenas na curva tangente, linha do horizonte. Ou te faço calculus, pesada estátua. Medusa.

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