quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
copo
não tenho sono. o que faço com isso, essa pergunta feita dia que amanhece e tece a ausência na rua. os carros e motores ressonam. fome. mas não apenas fome. fome que é devorada de pérolas e entremeada de elos, frágeis cristais. penso. imagino apenas. na moto que passa. no vazio. se é convite. desespero. os jornais que recebo. meu cão não traz. o cão esquecido entre outros estigmas. a ânsia feita ão. escondendo os livros vermelhos entre outras capas. tirando os crimes, pondo os castigos. uma sombra apenas sépia. eu não deveria te dizer, não nesta língua com sobras e cascalho. o talhe, o parágrafo, espera a carta. espera apenas. que eu já comecei a escrever. daqui. desterrado, como que desenterra o desejo roubado. o anel. três brilhantes. eu acho que mereço mais que um abraço. mas e o gole de uísque. sem gelo. doído, sem acento. meio cheirando a relva e madrugada. feito palha flácida que desaba. apenas o golpe seco de fogo. e estilhaço no peito. o que resta, é sempre um pouco mais de desejo.
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