domingo, 10 de janeiro de 2010

Tédio

«endomingamento»

Sete horas da manhã para quem não dormiu não são sete horas da manhã. O cheiro de café tradicional, feito de pedras, grãos e o que tiver. Poucas pessoas sabem o que é um bom café. Não vou bancar o barista, ainda preciso de açúcar. Mas trocaria de bom grado este xícara por três gotinhas de Voleplas e gim inglês… mexido, não batido. Sem acenar à francesa eu sei a máxima: quem não dorme não pode sonhar. Não liguei ainda. Meu corpo não ferve mais. Pantagruel e Gargantua nunca lutaram sob estas luzes. Não sou dado a tomar estalagens por castelos, criadas por damas galantes. Não desliguei ainda. É incrível ouvir o galo cantar fazendo a manhã. Minhas tarde feitas de cavalgadas que trazem a noite galgando estrelas. O que há para além da imagem: o rosto cansado, os olhos vermelhos, o grito que não saí e não faz a manhã. Não tenho notícias e sequer dizes de mim. Eu me sei cansado e sozinho. Sei que escolhi estar só, mas ainda assim o preço marcado na pele arranhada, pelos óculos partidos que impedem de ver o mundo. O querer saber do outro de mim. Do outro em mim. A imagem resta borrada sem os segredos da borra de café que habita no fundo da xícara.

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