sábado, 30 de janeiro de 2010

conversa de coxias

para um bailarino

nada tens nas mãos e me olhas. deposito o copo de vodka, não desce, queima e sacode. se tu soubesses mais de mim não virias até mim. eu sequer te havia visto antes. mas tu viestes a mim. e foi mágico. e te tirei pra dançar, mas mesmo dançando, não quis. não poderia te deixar ir. precisavas de açucar, não tinha. eu sempre fui ácido, amargo, azedo entre as contas e pontas. no entanto, assim como fazias rosto e me olhavas por trás dos óculos fundos. eu queria. tu precisava, não de mim, mas do doce. questão de vida. eu nem sequer a cerveja poderia. enfim é preciso coragem. mas é preciso mais que isso, carinho. é preciso saber de si, no outro. nuca, bochecha, lábios. um toque superficial e profundo. eu não sei o que beijo significa pra si ou em si, mas todo o beijo é mais que um toque. eu esperei, fiz o convite. abri a cena. poderias cerrar as cortinas, mas enviou-me um último convite. não sei. espero a resposta, uma vez que a resposta eu dei. sabes, espero um desenho teu, mesmo em Paris. ou além disso. eu não entendo como não compreender que pessoas jovens podem ser velhas ou ainda como o tolo ouro pintado faz vistas de marfim na caveira que se entranha na parede. eu sinceramente espero que apareças, mas espero também que não. não depende mais de mim, mas do destino. tu não quis vir. é interessante. dançar tocando as nuvens num beijo labiríntico e sem paredes. sentado esperando o tempo apenas.

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