quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
limpando caveiras
quando se queria e não se pode. a mão silenciada não grita. sem digital, sem rosto, sem identidade. eu queria insistir no que há aqui. mas não posso, uma carta vinda de longe me faz sorri. é bom, é neutro. zurich. ainda assim. meus espiões se rebelam. nao me mandam os avisos, não preenchem os protocolos. eu fico na torre de marfim, espiando e pintando rostos estranhos que me assombram a mente. o rosto que eu queria pintar, não consigo. o fundo vago de teus olhos claros. não restou nem ao menos uma fotografia. o incêndio foi grande. o corpo carbonizado ainda respira. tenta. devagar. tu sabes que isto eu escrevo para você. tu lês. eu sei. mas não me importo. ou não sei. e não digo. não quero. não dá. não há nada para além do espaço que há aberto na minha mente. a branca mão que acena. o sorriso. os pés limpos. os nervos corroídos não fazem sentido. a escrita do corpo deixou o mundo. o pó diz apenas do tempo (&) do fim.
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