domingo, 8 de novembro de 2009

um chá

ele sabe ser indiscreto, diz o coelho pensante.


vênus assombra, tão perto. tão ali ao alcance da mão com o o pomo dourado. o enigma. que desejar? o que escolher. a luz pisca designando o impossível do desejo. um sempre menos na presença. um sempre ali, tão distante. um sempre não estar. mas não faz diferença. as verdades que não existes estão proscritas. alice quer escrever o seu romance. alice já tem 18 ancos. alice... tão em nada ingles com seus livros debaixo do braço. e sabe, afirma, são 7 horas em paris. e o que mais importa se não for o correr para encontrar páris em paris. tomando um café e fumando. tão francês... e tão bárbaro com sua barba malfeita. assim, homem, feito homem. nem mais nem menos. homem num terno que é à sua medida. homem recortado à imagem clássica. impossível de representar. toque esta pele. meu corpo vibra com notre dame. eu te levo comigo nesta fumaça...
o corpo quente, sereno, dobrado. três esquinas no largo de mim. escondido à nuca teu perfume. o brinco de pérola. o anel de noivado. como? alice deixa cair as cartas roubadas. seu baralho é feito de postais não enviados. fraca. mulher fraca e assassina de uma amor que não veio, nem virá, não pode vir.
resigna-se a este lugar no canto esquero da biblioteca, no banco do carona. janela aberta, vento afogando as vozes, explodindo nos ouvidos. anda. apenas. aqui cavalgando a escrita deste sonho enquanto não dormes, mas deveria. corre e percorre o teu corpo, simplesmente é teu corpo e nada mais. esqueça de rezar à cabeceira da cama, uma noite ou duas, para manter a sanidade. saiba que é preciso.
aos 18 anos, alice, muita menina já sabe maquiar os olhos com devidos segredos e mantendo a malicia bem longe da ponta dos cílios. é sempre necessário uma nota de malícia a menos. assim, desejo, as meias. todo o requinte esta num depois. corre alice, não esquece os diários.
me telefona.
cuidado com os círculos de paris. a cidade é a devora. guarda bem o broche que tua vó lhe deu. ele é único e só teu, como os sonhos. sente o perfume. deixa-te prender no livro que te leva. e vai. toma o chá e acorda. mas sempre tão tarde. e voltas a dormir.
eis o segredo. ali. três alíneas pra cima, naquele par de parenteses que só teus olhos serão capazes de ver. não morde a boca assim. não esqueça, criança, você já cresceu.

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