sábado, 7 de novembro de 2009

Mehr Licht!

chove através dos livros. abraça-os, menino, n'uma magreza filosófica de não-poder. no fundo dos óculos embaçados habita a dor revirada dos olhos sem fim. quê fazer quando nada resta. quê fazer quando a rua vira água. a dor no centro deste eu é puro vazio significante. tudo se constrói numa paisagem sincopada. o francês escapa por dois dedos. a chuva nem molha mais que a melancolia na qual imerge o corpo. a dor é de uma apagar das cores. a dor colada no fundo torto da retina descolada. a mão desenha no papel algumas letras. a gota fugidia escapa na fronte. a vida (a)posta num tabuleiro de xadrez. ele mira lentamente atira a pedra certeira. os gritos. o corpo calado à espera dos cães. a morte se ausenta da cena na soleira da porta. podes dizer? os fantasmas é que gritam. o pensamento é fino e escoa por um bueiro da avenida. não há motivo nenhum para salvá-lo. para prende-lo aqui. biscoito fino dedicado ao bolor dessas paredes. que sobrevenha a meia-noite. o inferno. tudo como um borrão de acaso se desfaz diante dessa realidade. chove através dos livros. o sangue que escorre do peito é tão barato que pinta uma linha última de destino.

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