terça-feira, 24 de novembro de 2009
entre cortinas de veludo
eu te daria mais que uma rosa distendida em músculos flácidos. tu dormes, aí, abandonado aos crimes da noite. desenho teu rosto impossível no papel e te sei zangado com um gesto idiota que fiz ao espelho. sinto uma baforada fria na nuca. devora devagar meu coração imerso em sangue. corta de leve minha dor com teus talheres de prata. toco o tornozelo e sacrifico meus venenos no beijo que queria se dar, mas não pode. abre-se assim as paredes em suas pétalas feitas de hieróglifos de desejo que desenharei com os dentes sobre sua carne macia. te deixarei minha marca. o brasão estampado no doce da tua pele. eu não quero estas políticas estreitas feitas de pouco senso e direção. o arminho caçador se entrega ao matadouro. as mãos do carrasco. mas agora eu resto, como marca, último vislumbre, sentado nu diante das largas janelas abertas, com o vento violando minha pele (e penso em ti, minha estrela) e uma cortina de borboletas de sonho e estrelas cadentes me desenha. entre as violetas que fenecem, declaro, na respiração entrecortada, que te desejo.
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Enxuto, cortante, denso, puro.
ResponderExcluirParabéns Ev.
Um deleite de bons textos.
´
Edson Flávio