domingo, 22 de novembro de 2009
acordes
habitas o fundo espelhado das águas e não és sereia. como tocar a imagem desejada, assim separada, ao revés pelas correias. faço um brinde e esqueço o salut-ar. e soluço. te vejo assim, em meu sonho, nu de braços abertos e sem aperto. achado em preto-e-branco: um corpo feito linhas que saltam na escuridão do quarto. o sonho não poderá vir se o sono não vier, mas talvez o sonho tenha vindo antes do sono. mas, sim, só talvez. alguém ainda hoje ressaltou a cicatriz que se abre na pele pelos travesseiros. ah, o anjo travesso da marquesa de santos. sim, eu sei. mas não o toquei. eis aqui teu nome oculto neste sorriso lateral e explícito que me quer mal, muito mal. eu sei disso. impossível escolher quando nada se põe à mesa. quando no jogo as cartas são todas desconhecidas e presas no envelope se dão às combinações impossíveis do silêncio. como se as velas não soubessem armar traições. insisto em não escrever isso, mas lembrar do peito largo, da tez solar, três signos boreais de sedução postos para além da pele. poderias tencionar os meus fáceis e frágeis rastros. sei que não é isso que queres. nem mesmo d'um bilhete último cheio de sóis sois capaz. e te fazes nesta jaula de miragens ressonância consoante de minhas vogais coloridas. e isso é dizer tão pouco, tampouco és isto que insiste nisto que seus dentes escondem. eu que nem poderia dizer nada de minha noite passada. eu que não gostaria de narrar minha manhã (mal)passada. me faço em manhas e dengos para talvez resistir ao desvelo e desvio da palavra que eu sei que não faz eco. o eco se dirige, estas se prendem assim, no vão dos dedos. amorosamente. eu ainda reescreverei aquele grande poema que te dediquei no sonho, mas que é impossível de palavra, que se faz apenas no roçar das peles, no eriçar dos pêlos selvagens, assim, sem champagnes e sem requintes, sem monstros e sem grandes navegações. a bússola sempre sabe o caminho da deriva. apenas espero que estejas lá, na hora marcada, assim que os dados caírem.
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