quarta-feira, 25 de novembro de 2009

costurando linhas

há coisas que são bonitas, e só. e aqui, à espera do ônibus, resta a rua vazia. ouço gargalhadas de desprezo ainda assim. eu sei que não deveria. prega este botão. há casas distantes como no fundo de uma pintura. estes lábios franceses têm mãos que sabem caligrafar solenemente n'outras línguas e espaços. não quero os anjos! dobro lentamente uma peça de seda japonesa com flores de cerejeira pintadas à mão. não há mais o corte. me abraça bem forte? um abraço e isto apenas. eu te dedicaria uma galeria toda feita em versos de dolorosas constelações. te contemplo no que resta de tua voz em meus ouvidos. a pele ressoando... tambores orientais. é um mistério isto aos teus olhos. abrir o clarão do verso, enquanto clareira na mata densa, rompendo os elos do aberto do meu pulso. duas peças unidas, aperta os olhos, afina o olhar, vê as marcas da união. outros ônibus passam. outros caminhos ultrapassam. esqueço meus passos. é preciso saber que algumas coisas são bonitas, mas não só. minha escrita se desmancha no ritmo turbulento do não ter compasso. te faço piano num abraço. preciso parar. é minha a hora. e, isto, também apenas. eu não preciso de um último suspiro quanto de um primeiro sorriso.

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