domingo, 29 de novembro de 2009
copo d'água com açucar
assim, me dizes o que eu quero ouvir. eu sei disso. eu não poderia. o batom redesenha os limites dos meus lábios, que assim, serão teus. como estas flores. estes gerânios na minha janela. me abraça assim devagar. eu preciso aumentar o volume, da música, dos cílios e dos cachos. eu sei que é impossível. eu deixei a carta que te escreveria em suspenso. eu irei assim, de longo, cetim e pérolas, buscar o que me prometes. arrumo os brilhantes nas orelhas, prendo os cachos com um grampo de ouro e com um pequeno rubi cor de desejo. meu peito arfa no corpete, apertado os seios sobem com o rubor das faces. o cabelo não resiste ao vento. é impossível manter os ares de estátua comportada. o salto machuca, fere, como a vida. eu espero que tudo dê certo. alguém derruba uma taça de vinho no meu vestido. um pouco de raiva, não há nada que eu possa fazer. assim, manchada, me entrego a ti. espero que veja para além do doce da minha pele, que sinta na ausência a devida presença. eu quero a ti, sonho, nuvem, distante estrela no meio do deserto. tudo tão lírico e tão marcado. tudo tão planejado nas páginas desse diário. meu pensamento se aprisiona e se entrega, sem medo, como meu corpo de pêlos eriçados no desejo deste largo abraço. armo o conto de fadas. fecho as cortinas para sonhar um pouco mais. bebo três goles dessa fábula, adoço os corações com as rosas murchas. sobrevivo. assim, diante do espelho, espelho meu.
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Hnn tem gosto de amor esse texto...
ResponderExcluirJá está em meus favoritos..
para acompanha-lo em meu blog...
=**
"o buraco do espelho está fechado..."
ResponderExcluir=) gosteidaqui.
beijo, ev