domingo, 22 de novembro de 2009

coxas nuas

a cabeça abre um rombo no travesseiro. difícil manter os olhos fechados diante do escuro tenebroso. fácil crispar os lábios e segurar um grito de dor. e essa mancha rósea que dispara de um fundo branco? o vislumbre do desejo se faz na pele. no desejo da pele. minha ciência sem príncipios não põe meias e não se traveste de príncipe. tem assim, nas linhas, o abandono solene e sonolento na cama, após as devidas vírgulas, pontos e travessões. a exclamação ficou ali, sus-pendida como um pêndulo. homem na forca. homem sem forç a. judas sem dono. sei que me engano entre estas penas de ganso. ou cisne. renuncio à alergia para toda a classe. o sortilégio não me afeta à distância. sabes onde encontrar o corpo? o avesso que talvez queiras do corpo? a armação está pronta nas rendas. unhas longas e dentes afiados. segura mais esta, querido. te protege, mas vem assim. de lado, do meu lado. dúvido da tua força. não creio no teu tempo. abro as torneiras e saio correndo. um traço azul marca na perna um longo descaminho. bem no meio. ao redondo. tranversal. como os pulos de hidroginástica marcados por canetinha hidrocor. hidro. nas águas resiste a hidra. corte psicótico de carnificina, mas cheio de porcelanas azuis. pede logo o bife! não resiste. não insiste, mata a fome com os dobrões roubados. a galé fica no meio da galeria. a vênus amputada abre no mármore, fácil, as pernas. perscruta-lhe as coxas, descobre a senha. o sinal... tatuada nas costas há a origem (em plástico) e as palavras de agradecimento.

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