quinta-feira, 3 de março de 2011

(para pedro f.)

abre a boca, sem susto, deixa eu antever o seu céu estrelado. ali, onde voz e prazer se encontram cadentes. o que se aprisiona no fundo do dente pode ser apenas uma angústia? medo incluso ou impactado. o que se prende na gengiva é sempre mais que o desejo. limalha de prata, que jóia se faz com isto. a fada do dente nunca realizou nenhum de meus pedidos, nem me deu nada em troca de meus dentes de leite. meus pensamentos sempre tem mais de três raízes. dá tua mão, deixa eu te levar para passear pela biblioteca, como quem diz destas histórias em que artérias, veias e nervos ficam apenas latentes, à espera. uma mordida pode dizer mais do que do pavor ou da fome, diz também da consistência do corpo, mas é sempre nos lábios que se encontra um beijo, que diz da consistência da alma.

Um comentário:

  1. Parabéns! Achei fascinante o texto.
    Quero autorização pra usar.

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