(02h57)
"E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora."
- Olavo Bilac
TALVEZ todo texto seja pretexto para uma lembrança (verdadeira ou falsa: real). a música alta, as luzes, o encontro desencontrado de olhares. para um beijo é preciso abandonar a cerveja. vodca, é, talvez seja possível. não preciso beber. tenho sede, de água e saliva. que música é esta? "obrigado por não ter me largado"(escreve ele). o vômito (... me deixa...). a vida acontece, meio cedo, meio depressa. o vento grita a angústia dos mortos. talvez devesse começar listas de quantas vezes já estive certo. no mar da vida: algumas vezes o capitão é o primeiro a abandonar o navio. sempre aposto e venço neste jogo que é puro labirinto de espelhos: "eu sei que você vai se cansar de mim, veremos em quanto tempo". talvez devesse começar uma tabela. fico na meia-ponta o mais alto possível, tentando me esgueirar até ti. já brinquei de titanic e além de me afogar aos poucos num beijo à deriva, deitados nus, tentei te desenhar, mas sem o coração dos mares sob o peito. ambos sabemos que não tenho coração. dei o inferno de presente para a ibrielita (de balzac, sem prozac) e ela gostou: é que era o inferno de dante, para ser lido numa sauna cercado de efebos. saco "de uma carta quase escrita", do (meu) romance (diário) que te dei. Copio algo meu: " é preciso vencer o tempo, sem vender a alma. este é o perigo. os poemas que lês não são poemas. poderão nunca sê-lo. sem biografismos: o que começa agora? ainda tento não abrir o mapa". quando leio sua resposta dói mais o "estávamos estranhos".você tinha medo de dizer algumas coisas. eu tinha medo de ouvir outras tantas. eu sempre repito as mesmas árias. sem hesitação: apenas pele e desejo. não obstante, esqueci o meu esboço ao lado de seu sofá, diante da janela aberta em que algumas gotas de chuva entravam e se confundiam na tua fronte com o suor. não, não era cinema, o filme foi antes. "vais ter de ir lá buscar". o sorriso tímido. "ou buscar nas tuas lembranças". mas outra lembrança é que retorna, não como lembrança, mas como insistência, três dias depois: vivo. (mas e se viver não for o bastante?). ainda tenho sinais vitais. agora: remonto um presente de aniversário para uma amiga. se soubesse o quão difícil era teria comprado o presente e não inventado isto: um louboutin em papel. na procura de um tatami para a luta, nossos corpos acabaram se encontrando no chão da sala. é divertido. artesanato relaxa, lembra as aulas de quarta-série da tia jandira (a minha tia da quarta série na realidade se chamava deonildes). o jantar pelo menos foi bom, pelo menos hoje achei um sushi na lagoa aberto. não consigo comer direito ainda. meu estômago dói. almocei iogurt, na trindade. talvez devesse estender o convite. meu fantasma aceitaria? boa noite, bons sonhos, beijo.(será que dormes e sonhas?). até amanhã?
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