tomei uma pequena decisão, entre um gole de licor de morango, de um espumante qualquer ou talvez do mojito estranho. simples. escrevo agora para alinhavar a ideia. mais uma vez, no reflexo do dia que amanhece, sem nenhuma melancolia, sem tentativa de simples poesia, encontrei a ideia. um vislumbre futuro, como sombra nos olhos, como desenho mal-feito. o esboço está guardado na minha bolsa. eu sempre sou trocado. acostumei. aquiesci. é a contigência, a não necessidade. não há motivo. eu sou isto, sem esperanças e sem grandes futuros. apenas vazio e sem nada para oferecer. dir-se-ia, café com leite. mas meu abdômen dói. é engraçado, como hífen, abdômen termina em ''n''. acho divertido estes encontros. uma palavra em quase, ali, na margem da ortografia. mas voltamos a ideia. qual o motivo te prenderia aqui ainda? não fascino. não quero fascinar. eu sou isto, salto e giro. o joelho que lateja, duas garrafas de água, por hoje nenhum vômito. sozinho observando (longe do cigarro... cada vez odeio mais os cigarros). não tinha wii. eu dancei, com garotas estranhas, fiquei só, comigo também estranho. ohei, observei, pensei mais. não sei e não entendo estes encontros, os corpos que se tocam, os sorrisos com prazo de validade. acho que temo ser vísceral. quero mais que o corpo. quero o corpo no corpo. sem crenças de alma, sem doses, corpo presente. pele. a pele que esta ali aberta a um toque, mas não um qualquer toque. o meu toque. tudo que peço é este pequeno lampejo, sem jogos (que eu nunca entendo). talvez até sem flores ou chocolate na manhã seguinte, mas um abraço, crucial: um abraço, um bom dia. talvez sem mais. tudo pode estar preso num sorriso que pudesse dizer quero estar aqui ainda. não quero arrancar meu braço que te abraça, como coyote. mas minhas alergias sempre voltam, os lençóis amassados, os livros sobre a cama, entre as roupas. ali onde meu corpo perde a mente. é possível que sonhar possa ser como pensar enquanto a mente está ali, em ponto-morto. não quero discutir contigo. seu argumento não tem fundamento. você fala para parecer que entende. mas não, tem momentos que a língua vai, apenas, indo no sem fim, no sem controle do descontrole. as palavras como trem que descarrilha. e aqui, o vazio esperado, simples, sem grandes problemas. vazio quase matemático e, portanto, significativo e lógico. sem nada pra dar, não posso oferecer felicidades ou estrelas. mas este humor ferino que não quer que a vida escape, como grão de areia da ampulheta, como grão de areia por entre os dedos. acho que esta é só a primeira peça do meu quebra-cabeças que vou montando.
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