segunda-feira, 7 de março de 2011

lençóis vermelhos para esconder o sangue. não isto não é um escrito de memória. no máximo de uma memória que não passou de impressão. eu não pediria ajuda. você não acredita nisto. o sinal também está vermelho: avançamos. mãos livres. a faixa. um salto. eu poderia girar no ar. mas não devo. eu não devo fazer tanta coisa, mas faço. alguém me disse que este é meu erro. me manter aqui, ainda firme a isto, aos giros no ar que escolho como quem diz, eis o mínimo resíduo de mim. não entendo as exigências, nem mesmo as ironias. é hora de fechar as páginas para balanço. desisti. o vermelho diz pare, na contraface diz: corte. o pontilhado diz do dedilhado agudo. réquiem. sem dar a ré. não existe tempo, mas impossível pará-lo. eis o paradoxo. é retroceder no espaço impossível de uma cartografia absurda. descubro o corpo. o meu corpo. o meu próprio abismo. (este que rejeitas na manhã de segunda feira e que se segura aqui sem mais, suspirando fundo, retendo o ar, sem frio, quase nu... na verdade do corpo: uma verdade de pele). é hora de parar. há momentos em que escrever é o mal. em que escrever diz do mal. em que escrever é apenas escrever e não diz coisa alguma, mas ainda assim é hora de parar. escrever para parar o sentido. parar o sentido recusando a escrita. eu sou uma gota em vermelho um caminho verde/azul. as sapatilhas sujas num canto dizem do que eu não consigo mais. eu não consigo mais muita coisa, acredite. por isto talvez seja hora de abrir espaço. esperar o apague da lembrança. correr para respirar. correr para repisar o caminho. impossível reprisar a vida. eu abro o significante com meu bisturi feito também de palavras, costuro caminhos, faço retratos. todos tão irreais quanto o rosto no espelho. é preciso não acreditar nisto. nesta pegada 37. ela não é necessariamente sua. mente e corpo não dialogam as três da madrugada. é preciso apagar a luz. aquiescer. esquecer. suspender este limite. obliterar o ponto final, pondo um fim cortado em barras, para além dos colchetes: apenas um fim-final. do corpo. do texto. da imagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário