segunda-feira, 28 de março de 2011

496 anos de teresa d'ávila.
quantas cartas escrevi? quem já conheceu as moradas de minha alma? é esta minha baixa nobreza que me impede o passo. o sangue sujo que impossibilita que se erga a cabeça. eu vejo o real ao rés do chão. quando me dei conta da perda que sofri, comecei a entristecer-me, como paris saqueada pelos vikings. é esta a dor do vazio: o anjo sorri com a flecha suspensa na mão. bernini, retratou minha circunstância num contratempo. só o amor dá valor a todas as coisas. e o mais necessário é que seja grande o bastante para que nenhuma coisa o estorve. mas o dom disto não se encontra no fundo do espelho. é no descentramento de mim que meu peito dói. talvez seja a hora de nos vermos face a face. meus crucifixos estão móveis, presos em algum lugar da biblioteca, esquecidos. meu vôo é de um quinto andar ou de um terceiro parágrafo. toda queda devolve uma escritura. morrerei como quem apenas passou por uma igreja, observou suas cúpulas, sentiu a mágica, viu a matemática, impôs a lógica e talvez tenha passado pelo escolhido e não o viu.

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