domingo, 6 de março de 2011

resolvi traduzir anatole france. o que restaria de um pequeno verso. como este líquido que escoa. matar um soneto, sobre morte, em prosa livre. porém se você joga a virgem, musa em pequeno verso delicado, sobre os ramos brutos de uma longa prosa.. não adiantaria sorrir este riso solto que sua mãe lhe pôs nos lábios. a poesia lateja como um corpo quente que sabe seu preço, preço caro e raro que só faz aumentar nas suas formas ainda não maduras. quanto vale um poema dourado de meio século? talvez numa destas noites em que floresta esteja cheia de murmúrios, o ritmo das estrelas faça, em sua luz, tu encontrares ao mesmo tempo, um choque, tua carne e teu espírito, suspendendo com força o fôlego do desejo, como que para suportar um pouco mais este sonho. há uma certa mistura: sangue jovem, flores, beijos... são teus lábios que são tingidos pelas letras que lês, mas que te faz, na maquiagem diurna dos corredores, a segurança para ainda percorreres os corredores das bibliotecas. o que você procura? o verso maduro? ou a fruta ainda fresca destas iguarias servidas rápidas nos salões de festa? se tu precisas de amor e o procuras nos poemas, estes mordem... o limite do leito amante é aquele que toca a morte. sua flecha é apenas um casal de deuses que criam. quantas estrelas eu poderia te dar? sabemos, realmente, que nenhuma. mas te confortaria esta ilusão, bem sei. os peitos mortais não entram em erupção, mas escondem segredos maiores e talvez não tão valiosos quanto uma pompéia soterrada. aluguéis, amantes, a morte ainda sagrada... o que espreita ainda em teus bolsos? talvez o verso só precise de teu beijo embriagado, desde que tu te entregues ao beijar.


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