"Enche o teu copo, bebe o teu vinho,
enquanto a taça não cai das tuas mãos..."
(Ronald de Carvalho)
minha cama não me abraça. pelo chão do quarto, livros se empilham, a sapatilha sobre um dos montes retrata uma imagem possível de ser tatuada. num canto, aberta, a mala de brasília ainda resiste. é sempre tão mais difícil desfazer as malas do que arrumá-las, é tão mais fácil partir. tão mais complicado voltar e ficar. aqui. o espaço cerrado doendo e doendo. as paredes se acumulando em eras. na parede uma aquarela pode embolorar a qualquer momento. nas estantes os livros correm perigo. meu corpo é que dói. eu parei de escrever. escrevo para ignorar que posso contar os segundo na velocidade em que digito os caracteres. eu gosto de dar pequenos presentes. não peço nada em troca. me dá o que podes dar. ou o que não tens e gostarias de dar. mas você ainda nem está aqui. a taça vazia. alguém partiu ontem também. para onde foi? são paulo, campinas, rio de janeiro, fortaleza, curitiba, vitória.. qual meu destino sem mapa entre buenos aires e mendonza. é sempre mais difícil emagrecer na alma. os pensamentos sempre pesam mais que a consciência. preciso de um pouco mais de matemática. preciso arrumar as lições. de ballet. de literatura. de desenho. de nada. se você puder acreditar eu estou há mais de 50 horas sem dormir. a enxaqueca não veio. o sono não veio. os abraços também não vieram. o que veio foi a chuva. eu consegui matar um pernilongo apenas no olhar. isto deveria significar algo. mas a taça ainda continua vazia.
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