Para os meus bebês (Lu, Rê e Lee);
Rafz, Bruno, Dan, Rick;
& outros vultos.
Rafz, Bruno, Dan, Rick;
& outros vultos.
A voz se prende ao concreto mais material do além do corpo, bem indiscriminadamente na curva latente, quase máscula, dos cílios longos de rímel. No fundo do palco eu te ouviria dizer algo, só pra mim. Tramando as tranças de mil fios de ódio. Não há nenhum santo para cada dia da semana. Apenas ela, uma santa bárbara, armada de dentes e unhas. Pensei que encontraria a possibilidade transtornada de ser, mas houve, enfim, como chegou em mim, ao fim do roubo. Havia deliciosamente os pratos postos e as postas de salmão nacarado cercado de flores de laranjeira. Como um balanço velho a dor doía bem, indo-e-vindo, (de)terminando os desejos, as alianças, fazendo promessas. Caminhando com as malas, os pecados, os silêncios e os vazios que pesam em ares de pura arrogância deliberada. É isso que tu queres? Não me pedes chorando o meu caminho, meu mapa é uma ligação em suspenso. O aparelho roubado não faz as pontes e os aprontes de meus passos lerdos, com dois dedos machucados e perguntando sobre como perder a poesia. Ou ainda, como ganhar da poesia. Talvez ainda, esquecendo a poesia. Uma escrita triangulada entre três santos que recitam o alfabeto impossível de um livro apócrifo deixado cem anos à frente, para além do futuro possível. A morte como mote de uma herança determinada. O outro, o bem amado, grita de alguns quilômetros. Eu só pediria desculpas na noite do adeus. A voz que eu deveria ouvir eu não ouvi. O decote rasgado em branco e preto. Os botões abertos em preto e branco. A sandália relembra o mendigo de uma Jerusalém latina, na direção do pôr-do-sol, meio andaluz, entre os prédios, na chuva. Nunca pensei que sentiria saudades de casa. Não da casa, mas minha coisa feita casa. Casa das minhas coisas. Sem nome ou privilégio. Bem feiticeira e mesquinha: a malha abre a linha, o ferro a polis. Uma escola de costura, a clínica central, as tantas árvores e tantas mais, as doses cavalares de café, por acaso, compra, vende, troca. A estação me devolve Rimbaud, a cidade me faz Baudelaire, mas de mãos nuas e cortadas, ofereço nada, nem mesmo flores, nem perfumes, mas essa dor, essa gana que lateja naquelas estátuas de mármore fino, plástico encarnado e pedra-sabão. Os vultos que me cercam e prendem e pedem. De novo, só peço desculpas. As cordas me enforcam e são puxadas por tantas mãos. Eu moro na filosofia descontinua do meu (não-)desejo. Castrato, roubo as páginas raspadas dos livros, peneirando os sonhos, os teus com os meus. E pelo resto, as desculpas retém revendo e manchando a prataria e quebrando o espelho. Por tudo suspenso no aberto da mão num aperto de mãos, marcando os rostos na memória, que se esquece de lembrar. Abre a rua, as subidas e descidas, um gargalo: não se preocupando nos casos de ter, mas fazendo ver a lua, diante dos olhos, no retorno ao lugar do castigo, ao som de três apitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário