terça-feira, 22 de dezembro de 2009

exílio [1]

à maneira com que brincas e danças com a objetiva nas mãos, eu finjo dançar diante dos teus olhos feito palavra fugidia. não queria te perder, mas não sei (também) se queria te encontrar. devo minha alma aos demônios. mais que a alma, o corpo. com parcimônia embebedo as palavras e troco as vírgulas por pontos finais. não sei se devo acreditar neste pensamento que dizes ter. custa me crer que expor o filme assim, tão rápido, tenha uma boa impressão. ora, sabemos, ora queremos. este reflexo involuntário feito luz. este assovio lento. este sorriso perverso do depois, do nus na cama à espera do sono. que sempre chegará primeiro ao outro. sem direitas e sem diretas: como escrever tua fotografia, sendo que que estavas atrás a máquina estas tu e eu apenas procurava um objetivo neste ponto que te supunhas sorrindo para o meu sorriso tímido, penitente, resistente as tuas lentes e teus filtros.a música de fundo era o puro silêncio. impressiona a latência de alguma coisa que se derrama sem saber o que é ou como cai. como cometas, estrelas cadentes, a candência de teus olhos, a cadência dos meus passos sem caminho diante do incerto do futuro.moto perpétuo para violino. se me arrumo em exílio é para me testar diante do vazio louco e ensurdecedor do nada. humanamente, tão humano que se esquece de ser humano diante da lua cheia e do aberto do céu estrelado, desenhando novas constelações. amanhã eu poderei te encontrar, ou não. cavalgando esses platôs do sem limite onde apenas o vento acompanha, aquilo que aqui já foi campanha. guerra. a campanhia não soará, aqui não existem príncipes, mas até existem os cavalos brancos. a companhia para o chá não virá. o fantasma da minha ópera foi expurgado de sua maldição, capturado n'algum campanário, sem setas, sem forças, ele não queria lutar. não tenho fome, quero café apenas. o gosto de terra do ar azeda os lábios, por enquanto (...fale devagar meu nome...) chás e flores se abrem como travessura diante dos teus olhos. a mente aberta num giro panorâmico abre o abraço. não podes ter a luz para a imagem que eu sou do que sou, mas aqui apenas os sinos góticos soando como almas implorando mais dor. mais dor. rompendo os nervos eletrônicos de uma nova fantasia. quero apenas o vislumbre de uma supernova no céu e o corredor amplo liberado para que meus gritos desçam a escadaria e ericem teus pêlos com o segredo do íntimo do teu corpo.
[20 de dezembro]

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