sábado, 19 de dezembro de 2009

[6] Chambre des Elysées

geme alto e em francês. o corpo se abandona. o odor do champagne, a pele nua. os olhos estrangeiros. um encontro rápido como deslize. sem crimes. na volta o entorno. sem gelo, please. os acentos se confundem com o preço. o corpo se faz barco e abriga entre as coxas aquele outro, de barbas feitas, se dando ao preço da fuga como preço da noite. o meio da noite é o que se paga, não o não-centro de si. beijo forte, tirando sangue das gengivas. abre a boca, toma. um soco para perder cinco dentes. assim, como quem pede para apanhar. 5% a mais na cota. as paredes não deixam o som vazar. você sabe ou consegue encontrar um coração? no mínimo batimento? pague um pouco a mais. me traz um copo d'água, a tinta quase que acaba. ali, no quarto, entre as cortinas, não há mais o retrato, apenas o espelho de moldura barata refletindo as gotas de sangue sobre o lençol de seda. branco. lívido o corpo dorme.

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