cometi um crime contra mim. um crime contra isso que acredito. os ruídos me atropelam e doem. doem na superfície de mim. meus ouvidos sangram as tintas da fúria. não agüento mais. não os posso agüentar. no entanto, renunciei aos braços possíveis que me eram oferecidos. temo. simplesmente o medo sobrevém como as patas dos cavalos, como isso que não suporta menos de mim que a sombra. simplesmente meu buraco está armado. queria falar contigo, mas nas escolhas erradas que fiz, na maneira com que derrubei as taças da mesa e esqueci de jogar a moeda no poço dos desejos, ludibriando o gênio. me fiz. agora resto aqui, com estas flores que me matam, me esvaindo no fundo dos quartos para o fino dos textos, limpando o eu destes mosaicos. não queria ter vindo, mas também não poderia ter ficado. fico assim, quieto, portas cerradas, suando, escaldando os quebra-cabeças abandonados de peças faltantes. não suporto essas vozes. o crime que cometo é me obrigar a viver assim, num eterno como se, mas que não. ao menos posso fazer minha música engolir esse seu ruído. engolir teu corpo insignificante. o espectro que queria, mandei notícias, mas não o encontrarei, por culpa minha. bem minha. eis o que escolhi talvez, não quero mais nada pra agora. não preciso saber as horas, não gosto de medir o tempo, não sei, simplesmente não consigo, manter a lógica das superposições. não peço graça. peço, tu o sabes. me aninha apenas num sonho confortável e possível, no fundo dos teus olhos. divide comigo o quente pecado dos (teus) lençóis, mas não. tu foges, imagino. os raios e tempestades que pairam como meus fantasmas. e eu que nem suporto as rosas vermelhas. por favor, me beija, me faz parar de pensar!
[21 de dezembro]
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