domingo, 10 de abril de 2011

Sou bailarina

(invertendo Chico)

O nosso amor era tão bom, não sei, acho que para além do horário, havia algo mais que não combinava. Sou bailarina, ele funcionário. Pergunto: dis-moi comment… tenho cetins e sapatilhas. Não sou este tipo de dançarina, de purpurina e de noites em claro… enquanto ele dorme, eu alongo as horas, o músculo reclama, o pé machucado… meus pés são as mãos dele. Os calos, o tempo, ali, no vão dos dedos, se acumulam com aquele pouco de dor e de ausência. O calendário diz do palco, das peças e das folgas dele. Dos encontros à meia estação, esperando o metrô, o beijo da manhã, bom dia, boa noite. Ambos temos as costas doloridas por este peso, por este susto, pela espera.

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