segunda-feira, 25 de abril de 2011

De “um” conceito freudiano de história

Em Moisés e o Monoteísmo, de 1937, Freud lê condições no mito e estabelece a partir de suas conjecturas (potentes e potenciais) premissas históricas, mas ainda assim estabelece que, diz, “A meu senso crítico, este livro, que tem sua origem no homem Moisés [uma biografia?], assemelha-se a uma dançarina a equilibrar-se na ponta de um dedo do pé. Se não tivesse podido encontrar apoio numa interpretação analítica do mito e passar daí para a suspeita de Sellin sobre o fim de Moisés, tudo teria tido de permanecer sem ser escrito. De qualquer modo, demos agora o mergulho” (1997, p.52). Ora, as bases analíticas sobre as quais se intuem e se instituem a leitura de Freud, impõe outra concepção para a história, e se fundamentam, já no primeiro parágrafo do livro no movimento de leitura de uma marca de nacional: “Privar um povo do homem de quem se orgulha como o maior de seus filhos não é algo se ser alegre ou descuidadamente empreendido, e muito menos por alguém que, ele próprio, é um deles. Mas não podemos permitir que uma reflexão como esta nos induza a pôr de lado a verdade, em favor do que se supõe seres interesses nacionais; além disso, pode-se esperar que o esclarecimento de um conjunto de interesses nos traga um ganho em conhecimento” (Op. Cit. p. 9). Ao situar a verdade no lado do exercício reflexivo, Freud de certa maneira a libera de uma obrigação efetiva para com a história do povo e da nação. A história aqui não funda mais, não tece os laços, mas é concebida a partir de condições “inteligíveis” que a investigação enfrenta. A história passa a ser a condicionante busca de um argumento, de uma leitura na esfera de um “domínio (do) possível”.

Referências:

FREUD, Sigmund. Moisés e o Monoteísmo. Trad. Maria Aparecida Moraes Rego. Rio de Janeiro: Imago, 1997.


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