terça-feira, 26 de abril de 2011

Dúvidas de último momento

(mais um texto longo do tipo que ninguém lê
Ou notas de diário tipo confuso)

Três (ou quatro) clonazepan à parte (isto não mata, okay!), três horas de sono e bom acordei com uma dúvida: será que realmente fiz certo mudar a estrutura do blog, de tentar muda o foco para a literatura dita canônica, para a teoria, para exercícios de pensamento mais elaborados? É, resolvi fazer esta pergunta para duas pessoas (sim, enviei um sms às 3 horas da manhã e esperava ser respondido), uma que acredito que poucas vezes passa por aqui, Rodrigo, aproveitando o envio do número de telefone dele já que ele reclamou de que não recebeu meu feliz páscoa, a outra, minha companheira Olívia,para pensar sobre esta escolha.
Por mais que algumas pessoas digam o contrário, acho que o espaço proporcionado pelo blog tem esta coisa de versátil: você pode variar de assuntos, de passagens, de escrita, acho que é um espaço experiencial para o simbólico, talvez eu esteja levando as coisas um pouco mais longe e depois eu resgato meu amigo Lacan, Freud e Miller, para ver como a teoria (embora eles não tratem disto, pode dar conta deste fenômeno de escritura).
Por outro lado, acho que estou (em termos de escritura) me tornando um melancólico mal-humorado, tal qual Cesário Verde (para quem não sabe quem é este poeta português: Google it! Isto não é uma aula de literatura ainda, acho… pelo menos).
Acho, e este é um grande achismo mesmo, que todo mundo que escreve num espaço público, seja um blog,um twitter ou mesmo publica um livro além de escrever para si, escreve para este lugar dou outro, para aquele que de sua poltrona lê. Acho que querendo ou não todos queremos passar pelo diálogo da experiência escrita, o que me faz sempre voltar a pergunta, que tem se tornado não só no blog, mas na dissertação, no projeto de mestrado… do que faz a literatura?
Sei que sou pouco adaptável em eras de ridendo castigat mores (para aqueles que não fizeram seu latim significa “rindo se destroem os costumes”. Não sei escrever com humor, no máximos sei, aproveitando a deixa de Oswald de Andrade, escrever com (algum) amor, desde que se entenda amor nesta entrega,neste valor de dom.
Mesmo a maioria dos meus amigos mais próximos nem sabe o que se passa por aqui? Quanto deles leram realmente alguma coisa, se dispuseram ao diálogo (hora, desde do mítico banquete platônico até o Banquete escrito por Mário de Andrade, a leitura e a escrita, processos que pouco podem ser diferenciados desde Roland Barthes, uma vez que a leitura ao perfazer um caminho no simbólico e no imaginário, cria em conjunto. Desta forma, parece (tirando os agravantes teóricos) que toda escrita é uma escrita de dois,como uma carta ou um cartão-postal (para os interessados ir ao Escritos de Lacan ou Ao cartão-postal, de Jacques Derrida).
Eu bem sei do risco que é tentar escrever ou comentar sobre teoria, sobre estes aspectos do pensamento que pensam a vida, seja como fenômeno, como estrutura (é interessante notar como estes olhares foram variando ao logo da história). Mas como nem mesmo minha proesia (prosa+poesia) era tão lida assim,este exercício embora num espaço publico,impõe aquilo que Maurice Blanchot de “solidão essencial”.
Acho que isto este ficando um pouco confuso, um bom termo seria o fuzzy do inglês, mas é dada a hora: para a escrita há tempo.
Vou agora tentar tomar mais três clonazepan, parece que o prazo de efeito de cada um é uma horinha de sono. Neste caso vou aceitar a questão proposta por Elisabeth Roudinesco, em seu Por que a psicanálise? Em que ela se pergunta: “Porque consagrar tanto tempo ao tratamento pela fala quando os remédios, ao agirem diretamente sobre os sintomas das doenças mentais e nervosas, dão resultados mais imediatos?” Minha resposta, e agora são quatro horas da manhã, é que simplesmente algumas pessoas não conseguem dormir e precisam deste pequeno espacinho de suspensão racional (como se os remédios desligassem esta circulação da linguagem) e nos permita dormir e descansar, ainda que seja um sono sem sonhos.

Ps1. Pela dimensão do texto nem sei se isto será lido.
Ps2. Aprendi a me empenhar a usar a hashtag no blog.

Observação fática e talvez mais relevante do que todo texto:
Nada mais sintomático de que um texto, poema ou qualquer coisa não foi lida do que o clássico clichê “isto é de uma beleza impar” (ainda quero escrever um texto sobre as implicações lógicas disto. Então, se você não entendeu o texto, não leu, não teve saco, ninguém é obrigado a gostar de literatura, como ninguém é obrigado a gostar de funk, é um exercício de sensibilidades (mesmo o funk, okay)… então é isto.

Um comentário:

  1. PS1: não recebi seu sms
    PS2: confesso que foram raras as vezes que passei por aqui, e ao ler esse texto, me impressionei com a qualidade do mesmo
    PS3: acho que a mudança é válida...vc fala sobre literatura não apenas porque gosta, mas pq entende e sabe o que está falando
    PS4: prometo me tornar um leitor assíduo desse blog. Congrats!

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