quarta-feira, 26 de agosto de 2009

N A T U R A

“Anima, quae peccaverit, ispsa morietur”

à Aline.

I
eu te descubro
vil criminoso
de sobrolho
escondida
nua
num quadrado
borrado
de adília
e sei que fizestes
suas mil
maldades

II
Poderia fazer um acróstico
enquanto arquitetura
do nome
mas te descubro
essência nua
musa má
sadiana
de unhas vermelhas
e ouvido
colado
à porta.

III
Temos com
tato
descobrimos
abstraímos as coisas
caímos tontos
no meio das letras
incendiamos o alfabeto
e fugimos.

IV
Tímida donzela
sei que te escondes
nestes clichês
calada
nas caladas da noite
invades o quarto
roubas o homem
alheio:
violentas Diderot!

V
e com que pernas
jogas
futebol
de saltos afiados
atravessas
as rosas artificiais
que lhe jogam no caminho
e te atravessas
e fazes o gol.

VI
E não nos falta a classe
e o requinte
das fofocas ocultas
no fundo de muitas bolsas.
Trocamos as mãos.
Escrevemos poemas.

VII
uso seus óculos
naturais
eles me caem
vejo o mundo
como você
e do seu lugar
sem saltos
ele me escapa.

VIII
Fauna e Flora
são feministas gordas
que não discutem o tamanho dos soutiens
tu
passas
une passante
arrematas o ar da graça.
E rindo,
e esbelta
abre a chemise
e lhes mostra
o que é
ter peito!

IX
E já escrevias
poemas eróticos
nas carteiras da classe
com a cara de anjo.
Tudo uma questão de requinte
de doce maldade

X
Conheci uma menina
muito caprichosa a comer
(e a beber)
quase que tinha tempo e vontade
ocupava
discretamente
os esparsos espaços
em branco
entre as letras
no resto das páginas
dos poemas.
Não passou despercebida,
Mas também não foi notada.

XII
e ela tirou a máscara
de mulher
e se declarou
o homem
perfeito.

XIII
Ouço o eco
da Natureza
inquieto
me aconselhando
nos primórdios
no fundo oculto
das perfídias da corte.
Fecho os olhos,
passo batom,
calço os saltos,
me armo:
-fight!
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Nossa Sra. Do Desterro 27/28-IV-2008.

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