sábado, 1 de agosto de 2009

labrys

as sombras na parede se devoram
pelos cotovelos e cantos
a voz silenciada e aguda
reflete e ecoa
além do corredor
e dos pés perdidos
os livros despencam
as cartas despencam
as referências equivalem
e assassinatos acontecem
votos de sangue casto
pra casar
o louco regurgita as palavras perseguidas
letra dentro da sílaba oculta da palavra
diz: verdade
há talvez ou ainda
quem sabe
a casa fria
o vento morno
os ossos das mãos e do rosto
quentes em pó
pólvora
rubro desejo incandescente
de lápides e sequestros
trêmulos e sem trema
como resumir a trama?
as óperas nunca acabam.
varanda repletas de janelas
rostos que se afagam e se consomem
corredor do tempo no templo
ou às avessas
resta nua, a roupa
sem rosto, a maquiagem
e os pés
virados
3,4, 12
na espera
serpente rosa
de anfíbio voador
presa no teclado
reclamando baixo, piano,
última nota
frescor de calvagada.

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