terça-feira, 18 de agosto de 2009

cena I

quando aceito as regras do jogo. fico ali quieto no canto, submetido as linhas de frente: as dores vagas da ausência e raiva. penso teoricamente uma imagem máxima. não tenho sequer aquilo que detestaria. tento poesia e faço maquiagem da palavra. tão telegráfica e reduzida as inúmeros chamadas de telefone. cansei de ser confessional. dessa biografia que não se sustenta. de um nome vago e impronunciável. sem acentos. sem ge-nealogismos. sem a música extrema a gritar em cores, em vermelhos agudos e doloridos. sem preciosismos e expressionismos. quero o ouvido, a orelha de diamantes. essa alma velha que transparece em gritos engolidos. liquidados. penso no hospício, no hospital.. no uísque e na vodca que se tem à mão. as asas de um anjo branco de Truman Capote. sem lágrimas, Penélope ainda tece.

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