segunda-feira, 17 de agosto de 2009

quando poderá ser a hora?

a renata gomex.

se me chamas, não insisto. existo e te atravesso num sonho confuso. espero contato. 05h54. e convido e abro portas, as comportas tão cerradas quanto os olhos. eis o sonho. 13h16. não tinhas certezas e fostes. o tempo reverbera, ecoa e destoa. sonho escrever um poema que não vem. eu decidi o gesto. as canecas dobraram sobre as asas de um zéfiro. as ondas, beijos d'alguma vênus, sereia secreta, se abriram entre pontas. o relógio. a sombra. o beijo. outro beijo. 17h30. as casas dormem vazias e engolem no silêncio pequenas pedras de solidão. 23h28. uma possível certeza que se acerta. tiro no muro. boca aberta. 23h53. a gente se basta e a voz, o vinil, lá nas dobras da terra em quem mar não toca a xícara, tu habitas. e tens os meus cabelos enlaçados aos teus cabelos. e longos. e negros. expansíveis como dor latente no meio do peito, entre os pulmões, no cotovelo. MEIA-NOITE. a vida. #fail. somos loosers ao reverso do espelho. ali no cantinho sujo da moldura. e ficamos, tu e eu. tão falantes, letras gritantes, reiteradas no silêncio. e dormimos, quietos e (equi)distantes. abraçando gatos, tigres e leões. (quem insiste sempre na morte?). e tantas ligações, cartas, recados. meus e teus e entre-nós e para além de nós. e nos sabemos tanto. a moeda gira: a coroa persegue a cabeça. sem valor. 14h33. mas o desejo se ausenta. fala num depois. num ainda que dói e rasga as páginas e se contorce em Tecnicolor. 22h06. e a dança. a valsa não veio. o canto do cisne não veio. mas viemos nós. tão iguais e incomuns. tu de salto e eu nos saltos me assombrava. a música descia em taquicardias. tão linda, a mulher. 10h58. o tempo corre com os atrasos: as pedras que habitam o fundo dos olhos. 15h38. a victória abre asas tão helênicas e roubadas. um rosto fake. mas tão verdadeiro. e eus & eles. mas há Tu aí. no silêncio que vibra e rugi. e odeia como eu amo. tão complementar. a voz do disco arranha cantando às 22h50. e se quisesse como tu querias. 22h59. tens dor no pescoço. eu tenho pés cortados e as mãos, costas, maltratadas. nem se pode dizer o motivo. o martírio não veio, mas a glória das dores... 23h05. o cão sentado é quase místico chacal. leremos os poemas da cidade em ruína. perderemos os versos para recuperar as cabeças. 23h08. plantão médico: as palavras sem cortes. cos-tu-ra-das. eu escrevo: MEIA-NOITE.


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