com sério resquício de Caio
ao som de Sílvia Machete
ao som de Sílvia Machete
Último banco do ônibus apressado que anseia dar voltas ao mundo e parece não se contenta em ser um Carvoeira Sul. Ele, de all-star, jeans justos, olhos esquálidos e rasgados, ressecados da noite, do gelo seco, lê. Abraça Caio, partilha uma mesma dor: a dúvida silenciosa de não saber se procura o caminho para além da curva, da beira-mar. Ouve nos fones os címbalos metálicos de Sílvia. Fuma com ela (com ela!) as palavras de tom azul do final da tarde. Nem Londres, nem Paris, apenas o celular. O livro balança, na lembrança a tentativa bizarra de assalto ("ei, você vai me dar um dinheiro!"), o sorriso volta bem idiota. O ônibus ainda balança, a alma se segura no corpo que se segura travando os joelhos no banco da frente. De Valentino, em lentes dum chiaro óscuro de falar besteiras. Bem mimimi. No reflexo reflexivo da lente a pergunta lateja com referentes: só quer saber onde andará? Não bem ela, mãs... O celular brilha, sem tirar os fones, recebe uma notícia feliz: a permissão para a possibilidade de morrer um pouco, um pouco mais, assim, dedo à dedo, de cada vez. "My favorite demon", murmura. A resposta que queria não vem. O ardido do Bloody Mary ainda está preso na garganta. Tosse para espantar as dúvidas. Os pulmões querer fugir. Enche de ar o vazio do peito do ar. Nem uma 3x4 relevante. O ônibus ainda corre no ritmo dos pensamentos jazzados. A voz rouca não sai. Espera a nota final da música que retorna. O ponto final: do caminho, da dúvida, da dor, do chiado lamuriante que incita a tosse, da vida. Do último folêgo.
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