quinta-feira, 27 de agosto de 2009

quadro

a rôdy

descubro um personagem. falta-lhe uma história. nem precisa ser uma grande história. um romance em três atos, salto alto e pesada maquiagem. em que corpos desnudos se abrem e se descobrem. na prosa me sobra poesia. converso. o que afeta o corpo não afeta sua sombra intrinseca. aquilo que não o habita, habitando-o. ouço os violinos, arcos ferinos que ferem o pulso: navalha. sobra de nota. arroubo de tamborins. um grito suspenso. leio os poemas alheios. corpos alheios. imagens alheias. chamando atenção a todo custo. um curso de dúvidas. leito de rio enquanto leito de corpos conhecidos, aquecidos pelo sol da aurora. as rosas, no peitoril da janela, o solilóquio melancólico tão século XVIII. ensino, quadro negro. tabuada esquecida. a mão amiga me sustenta na distância. tenho presente na consciência o signo, cisne-sinal, que dedico. abro a mão. marco com o sinete, a cera, minha marca. sobre o corpo branco da página. o nu do corpo, como nu da escrita. confesso. as marcas da minha pele são as minhas dúvidas e certezas. possibilidade de uma história. à venir.

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