terça-feira, 18 de agosto de 2009

cena II

chove. a saliva escoa com as dores baforadas na janela do carro. duas vias. duas mãos. o pescoço erguido busca ar. a palavra dói no face-a-face. a curva erra o pulso. o vidro me corta e esconde. o estômago dói a liquidez de gesto rarefeito em gaze. gás de cozinha. há bile nas palavras. um gole turvo d'água. o peito marca um grito. os passos não escoam no asfalto. há a polícia, os limites, o tabuleiro. as cartas somente extra-viadas. a névoa densa engole Aquiles. o silêncio dos deuses. não a deuses para a sorte. resta a morte. inventando palavras e buracos nas ruas. o sequestro da memória e a tosse amarga em sangue.

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