linhas são palavras. palavras dispostas em quadro. o quadrado de um céu abacinado por uma boquilha disposta em forma e elegância. o tropeçar de um gole de café n'um final de tarde. o olhar que me escondes na esquina que dobras. uma linha curva tangente ao largo sorriso de um boca toda luz e leve. as palavras delineam o limite da linha. a quebra da linha. o fim da trilha. é por puro capricho que te afastas e enquanto falas tento capturar (em desejo) as linhas de teu rosto. o lápis afiado, mas as linhas se dissolvem em sons. califo[r]nia. antevejo a ária que lhe dedico. sem ser verso virtuoso d'um victor hugo. antes, bradifasia, resta o timbre pouco rouco destas linhas e palavras costuradas de burato, brim e bragal. rede tecida para um camafeu que se oculta em luzes e sombras de enigma. sem geometria. apenas linha lida n'uma mordida. linha ousada? enquanto insisto no teu rosto - as palavras são traços e marcarei na pele aquilo que não se pode dizer - mais vivo e em cores me aparece. perco no tom a linha que te ama[rra]ria aqui. poesia feita corda neste círculo tenso. mas insistes em não te deixar ser pura palavra e nem te queixas n'alguma linha. [...e envolves o corpo...] . ao seu estilo e jeito. e todos os meus maneirismo são descobertos: reles brocatel diante dos cetins e sedas com que tramas ao tear que se faz lira. cítara. linha que sempre retorna. cabograma. mensagem feita linha. cardiograma. a tipografia tem o colarinho aberto em clâmide. linha de junção. sutura. abertura. fenda. coreografia. o corpo persegue a linha como destino.
AGORA: palavras puídas, mas as linhas sempre continuam. e sempre intactas.
AGORA: palavras puídas, mas as linhas sempre continuam. e sempre intactas.
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