segunda-feira, 31 de agosto de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
aniversário
chave lançada debaixo da porta. original quase cópia. aniversário com métodos de adolescente de 15 anos. na surdina. silencioso. ladino. nem mesmo os cães ladraram. é de estranhar que tudo esteja tão estranhamente estranho. o excesso não é redundante. quer aprimorar o sentido. gosto de gengibre na boca. tão superiores, forma & força, juntos nisso como em outros planos. tão detetivescos. um arma os alicerces. outro engendra a ficção. não nos restringimos ao roubo de copos (que nem roubamos neste hoje-ontem). com o garfo e a faca olhamos o bife. bifes não têm alma! aprendi a comer carnes. ele sempre comeu. as batidas descompassadas da espera. a música, a boa música, não veio, como não veio o belo sorriso. solitários em conjunto. duas velhas jogando truco e tomando dry martini. (nem isso). água. tanta água. tão saudáveis. tinhamos um ao outro. apenas. tinhamos os outros, aqueles dois no espelho duplicados. um sorriu e levou óculos. a troca de personagens. um nem sorriu e levou um puxão de cabelo. patológico. a noite feita jogo da velha. marque seu X que eu marco meu óh. a voz em sustenido dizia: fail. o abraço, os nossos, pelo menos eram sinceros e singelos (acredito). [...o estranho presente que eu não pude dar...]. mas se tudo era treva e mistério, entre a luzes coloridas dos holofotes, veio o sol. mas veio também greta e audrey. marilyn gemia ralo abaixo ou no olhar deitado na saída da escada. (onde está minha aspirina?). o mundo era incrivelmente feito de listras. dava até para pular amarelinha. o aniversário, todavia, ainda virá: 6h da tarde. em Paris? possivelmente. quando o sol sair, assim como saímos. andando ao som dos violinos e lembrando no acorde das dúvidas que dilaceram a carne, nas cicatrizes que o corpo não mostra, no peso lascerante das palavras. lembrando, com viço, de bem longe. um abraço apenas. um desejo em conjunto apenas. sem estrelas cadentes. a única estrela era o sol que insistia em brilhar. esperaremos a sorte no jogo de dados. com um sorriso matreiro de adolescente retirando a chave pôr debaixo da porta (a cópia no bolso). aniversário: nem houve, ainda. houve uma festa de nós dois por um amanhã: teu presente.
sábado, 29 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quadro
descubro um personagem. falta-lhe uma história. nem precisa ser uma grande história. um romance em três atos, salto alto e pesada maquiagem. em que corpos desnudos se abrem e se descobrem. na prosa me sobra poesia. converso. o que afeta o corpo não afeta sua sombra intrinseca. aquilo que não o habita, habitando-o. ouço os violinos, arcos ferinos que ferem o pulso: navalha. sobra de nota. arroubo de tamborins. um grito suspenso. leio os poemas alheios. corpos alheios. imagens alheias. chamando atenção a todo custo. um curso de dúvidas. leito de rio enquanto leito de corpos conhecidos, aquecidos pelo sol da aurora. as rosas, no peitoril da janela, o solilóquio melancólico tão século XVIII. ensino, quadro negro. tabuada esquecida. a mão amiga me sustenta na distância. tenho presente na consciência o signo, cisne-sinal, que dedico. abro a mão. marco com o sinete, a cera, minha marca. sobre o corpo branco da página. o nu do corpo, como nu da escrita. confesso. as marcas da minha pele são as minhas dúvidas e certezas. possibilidade de uma história. à venir.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
N A T U R A
I
eu te descubro
vil criminoso
de sobrolho
escondida
nua
num quadrado
borrado
de adília
e sei que fizestes
suas mil
maldades
II
Poderia fazer um acróstico
enquanto arquitetura
do nome
mas te descubro
essência nua
musa má
sadiana
de unhas vermelhas
e ouvido
colado
à porta.
III
Temos com
tato
descobrimos
abstraímos as coisas
caímos tontos
no meio das letras
incendiamos o alfabeto
e fugimos.
IV
Tímida donzela
sei que te escondes
nestes clichês
calada
nas caladas da noite
invades o quarto
roubas o homem
alheio:
violentas Diderot!
V
e com que pernas
jogas
futebol
de saltos afiados
atravessas
as rosas artificiais
que lhe jogam no caminho
e te atravessas
e fazes o gol.
VI
E não nos falta a classe
e o requinte
das fofocas ocultas
no fundo de muitas bolsas.
Trocamos as mãos.
Escrevemos poemas.
VII
uso seus óculos
naturais
eles me caem
vejo o mundo
como você
e do seu lugar
sem saltos
ele me escapa.
VIII
Fauna e Flora
são feministas gordas
que não discutem o tamanho dos soutiens
tu
passas
une passante
arrematas o ar da graça.
E rindo,
e esbelta
abre a chemise
e lhes mostra
o que é
ter peito!
IX
E já escrevias
poemas eróticos
nas carteiras da classe
com a cara de anjo.
Tudo uma questão de requinte
de doce maldade
X
Conheci uma menina
muito caprichosa a comer
(e a beber)
quase que tinha tempo e vontade
ocupava
discretamente
os esparsos espaços
em branco
entre as letras
no resto das páginas
dos poemas.
Não passou despercebida,
Mas também não foi notada.
XII
e ela tirou a máscara
de mulher
e se declarou
o homem
perfeito.
XIII
Ouço o eco
da Natureza
inquieto
me aconselhando
nos primórdios
no fundo oculto
das perfídias da corte.
Fecho os olhos,
passo batom,
calço os saltos,
me armo:
-fight!
_____________
Nossa Sra. Do Desterro 27/28-IV-2008.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
verbo intransitório de três palavras largadas
dentro da garganta arranhada
você corre
sabe-se pra onde
nem todo mundo
mas sabe-se sabendo
retocas a maquiagem
resvala no olho fundo
põe-se entre o cadáver, o fantasma, o acidente
tem o bisturi na mão
a incisão
- disseca e crema -
as palavras que condena
o verso
fecha o livro
sem capa
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
A volta
ao som de Sílvia Machete
Clarissa
assim me apareceu
com seus imensos olhos amarelos
dois faróis de pisca-e(m)-alerta
e à espreita
subornando os bordéis
o ombro criminoso
o dedo em riste
desejando uma mão oculta sob a mão
um toque
que lhe desarmasse as garras
destravasse os dentes
a história feita em curvas
domingo, 23 de agosto de 2009
dor no peito
ela. ele. tosse. tosse. tosse. contorce. o peso no peito. chiados. encilhamentos de em-si-mesmo. mil faces postas num pincel. maquiagem vendida à francesa. de um glamour único. a coxa que se toca e uma coxa intocada. não deve. dama solteira e mãos largas de diller. unhas róidas e o peito que insistemente insiste convulso. tísica de terceiro andar. à deriva entre os gelos do sangue de maria. da margarida sem campo. de contorno e negros olhos. o rímel esquiva e irrita o olho. dor de fumaça de cigarro. dói. aqui. entre o espaço de coração ausente. nenhum beijo. escadas e tantas. nenhum texto. só a ausência reclusa da respiração que dói em saltos-altos e num copo de morte ganha. nenhum desconto. espera-se o sangue. dói as cores das cores e no espaço de si. caveira estreita. dói a poesia de uma ausência. à espreita dos pares: 1 com 2. 2 com 3. 3 com4. geometricamente. linearmente, a sintaxe foge. o porquê insiste. tosse. sem trinta e três. eu dou bandeira. descaradamente. nas bolinhas da minie. mato a disney. danço. jogo as cartas. desligo o telefone.
sábado, 22 de agosto de 2009
my favorite devil
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Muril&Ana
e há o a também
varios a
tão naturais
cada letra conhece seu encontro
sua catedral
seu vôo de quinto andar
a quina do bar
o copo roubado
(a fixação de moça solteira, ainda)
dois com dois
um infinito que dobra o outro
maior que
mais que
menor ainda
e tão inútil
a poesia de uma tarde inútil
onde está meu café?
meu bilhete?
o deserto em blues e jazz
abre-se no frio azul dos cachecóis
todas as estrelas são vermelhas em
meu all-star branco, sujo, verde, xadrez
a mente aberta com rachadura
os livros pesam nas costas
mas são a única opção
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
quadriculadas
3 moças caminham
esguias fadas
insistemente
de um jeito e de outro
de ambos e com quase nada
há alguém que fuma
fuma muito com o andar da estrada
estrategema de delírio de pensamento
e na fumaça
ainda há espera
de lenços, laços, cardaços
apertados que machucam
desisto da escrita
roubo a fumaça
com o fundo do olho
nas rodas da boca
nos faróis do desejo
há apenas o suspiro,
freada de morte.
________________
São Paulo, 19.07.2008. [rumo ao Hotel Bourbon]
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
terça-feira, 18 de agosto de 2009
toilette
cena IV
cena III
cena II
cena I
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
quando poderá ser a hora?
domingo, 16 de agosto de 2009
complexos cirque de soleil
sábado, 15 de agosto de 2009
festa
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
linhas
AGORA: palavras puídas, mas as linhas sempre continuam. e sempre intactas.
domingo, 9 de agosto de 2009
advérbio de tempo
sábado, 8 de agosto de 2009
os olhos
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
pré-canto
escolhi - sujeito - tão em razão de si
de seus meandros que inspiraria a
sua própria acusação solene
pinta os céus em seus veios
e dependendo se perde em coragens
desespera e conjectura
-viagem perigosa -
pedida em prosa
um sistema num mundo com convicção
e que desenho
desdenho a sabedoria
que sai das órbitas
gira e marca
de beleza perfeita dos efeitos
meios e fins
e crê no orgão timbrado
na essencial matéria de que se fazem
sons
redescobre - o sujeito -
cego como seus raios
surto diante do músico
que lhe impõe
gritos, dores, estocadas
a incrível ocasião
de dançar e vencer
poesia póstuma
a noite não repõe um dia
nem noite nem dia se alternam
no fundo curvo do corpo
que decanta na cama
que se atravessa celeste
se faz mortal
e nas mesclas estrangula
o ar das mechas
o anjo que arremedas
-ninfa tenebrosa e quente-
na escura sibéria
as sola de teus pés pequenos
em três arcos
os filtros mais fortes
te giram entre meu gênio
e destino
mirando num mágico poema
de inferno-paraíso
aprisionado num último lampejo
a virada do rosto
as cadeias da mirada
Beijar / esta rosa [...]
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& vertigem (áudio)
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os olhos fixos em mim
tigre domado que joga com as moiras
uma estranha roleta russa
cheia de bailados de máquina de escrever
e descrever
a insondável pele cor-de-sombra
em que as árvores sussurram e se consomem
avançando raízes profundas
largos braços
devoradores de cristal
a gemer e esconder o rosto
semeando rubis, pérolas, sáfiras
num tempo de lembranças
sutis
esta rosa trêmula dos jardins das carícias
em que cravas os dentes
n'um arcanjo de línguas charmosas
um alfinete prateado em pura dor
de amante
de uma bebedeira secreta
mais do que um goëthe
que lhe dedicasse um verso
clássico
eu, que não posso, trovar à paris
fico a oferecer-te este buquê de
de estrofes infantis
de que bem sabes em lábios mudos
que a rosa condescendente
que descende do olhar da aurora
quando desce ao galho o último gesto
e de ferida vermelha
- cicatriz aberta -
caí
ré confessa
sem gritos
e recomeça
& vertigem
teu suor. teu silêncio. tua presença.
a resistência das linhas e dos versos que quedam não apenas uma vez.
ao terminar aquela história: golpe de amor sem glória.
penso em ti sem cessar e te dou estas páginas em que atendo e me suporto no branco vazio.
és verlaine, ronsar, musset.
palavra presas no vinco das calças bem passadas.
& marot. & rimbaud.
de tristes destinos.
..e & e &...
toda a miséria em palavras famintas e sangrentas. bife mal-passado de baudelaire.
um fantasma em força preso à forca que nem os nós e as atas que seguram este poder ver e ouvir que sabe em 3 rimas, talvez, sem algum soneto. as sirenes de uma poesia de ausência e sem coragem.
... à votre tour une carrière de grand poète...
e em nada, nas forças das águas, a guinada dos ventos.
uma última mordida às garras da palavra.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
faire d’Holand um beau pays
dans l’autre-mer
la voix du silence
le gramophone joué les mots
lancés par ton sourire
il y a notes de parfum dans l'air
fruits tropicaux
et de nouveau la mer
et encore la mer
l’écume mordre les pierres
le soleil caché tes yeux
crié, la peau,
les oiseaux infini
des étoiles
le verbe échappe
(miROIr non-dit)
les lettres
sont,
cygnes et lumiéres,
enfuis de la maison
dans les roues
de peur
make of Holand a pretty country
oversea
the voice goes off
echoes in the silent pleasure
from the silence of a wrong letter
lost letter in the abyss
two foreign languages
a thousand perfurms and sounds
discovering lost languages
beyond the sea
behind the poetry
leading
the touch
(take it easy)
as the blurred syllables
dust of the mirror
and the point is not
signs of avoidance
smiles of attack
and the writing
as commas
are only
period not marked
terça-feira, 4 de agosto de 2009
faz da holanda um belo país
no ultramar
a voz escoa
ecoa num gozo
de erro de tipografia
o lapso con-sensual entre línguas
a colônia descobre o perfume
neocolônia
deocolônia
entre silêncios
o toque
entrechoque
de nada
que insiste
que queria
mas o insignificante insiste no
espelho alheio
e não vem
na deriva
o verbo se esquiva
e fica ali
suspenso,
pendurado por uma vírgula
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
domingo, 2 de agosto de 2009
sentindo a ponta dos pés
a vagar dos dedos
o ar que exalar entre dois tons
percebendo nos volumes
nas cores
as dores
e fragmentos
uma comunicação falha
cílios escondem desejo
olhos o fulcro seco
e cego do corpo
que se esconde
no inverso do texto
que nem tão longo
quanto suas pernas
se esquece como recado
bilhete de amor
para ser lido
numa manhã de domingo
colado junto a geladeira
sábado, 1 de agosto de 2009
labrys
pelos cotovelos e cantos
a voz silenciada e aguda
reflete e ecoa
além do corredor
e dos pés perdidos
os livros despencam
as cartas despencam
as referências equivalem
e assassinatos acontecem
votos de sangue casto
pra casar
o louco regurgita as palavras perseguidas
letra dentro da sílaba oculta da palavra
diz: verdade
há talvez ou ainda
quem sabe
a casa fria
o vento morno
os ossos das mãos e do rosto
quentes em pó
pólvora
rubro desejo incandescente
de lápides e sequestros
trêmulos e sem trema
como resumir a trama?
as óperas nunca acabam.
varanda repletas de janelas
rostos que se afagam e se consomem
corredor do tempo no templo
ou às avessas
resta nua, a roupa
sem rosto, a maquiagem
e os pés
virados
3,4, 12
na espera
serpente rosa
de anfíbio voador
presa no teclado
reclamando baixo, piano,
última nota
frescor de calvagada.