tag:blogger.com,1999:blog-55929659980244946282024-03-05T18:34:56.938-03:00Pactum Subjectionisum diário, jornal, quase guardanapo: em sépiaEv. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.comBlogger1187125tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-74061861540190958182013-06-09T02:18:00.002-03:002013-06-09T02:18:35.587-03:00<div style="text-align: justify;">
o caso não era de que narciso fosse realmente belo, ele o era. mas não o era tão amante de si mesmo. não foi por si que se lançou ao lago, mas pelo estranho reflexo que ali encontrou. é que o lago, estando apaixonado pelo rapaz, o queria para si e no reflexo de narciso mostrou seu rosto ao qual o jovem foi ao encontro.</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-18136371864641453712013-05-21T23:22:00.001-03:002013-05-21T23:22:57.259-03:00<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- Amor.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Sem pestanejar respondeu o garoto ao ser indagado sobre qual o preço dele pra ser levado pra cama.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Caro demais - preferiu procurar outro homem.</span>Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-72882729808180070452013-04-14T04:05:00.000-03:002013-04-14T04:05:32.682-03:00<div style="text-align: justify;">
me pergunto: o que me leva a manter espaço ainda, a escrever aqui. não sei responder. tento, mas dou voltas e me engano, finjo que ainda há um motivo para escrever, alguém a quem possa me endereçar. algum olhar perdido. são 4 horas da manhã, madrugada de sábado para domingo, enquanto as pessoas estão nas ruas, bebendo, procurando, trocando mais que beijos... eu, aqui, sentado diante do computador, minhas costas doem, a caneca de café vazia ao lado, o quarto envolvendo o próprio caos de minhas ideias. não tenho mais chocolate. mas ainda tenho fome. mas nem sei do quê. a aventura da noite, tentando passear pela turquia com pierre loti. a tradução está em andamento. mas estou disperso, não sei o que pensar. já não tenho mais grandes crenças. estou <i>definitivamente</i> cansado e mal comecei esta vida. ainda não sou chancela de nada, minha opinião não vale um nada. mas estou tentando, galgando os degraus. eu recapitulo os meus planos gradiosos e vejo que até agora nenhum deles se manteve por perto. nenhum deles irá acontecer, bem sei. meu tornozelo esquerdo dói da aula de ballet na sexta, a pressão de subir nas pontas ainda marca ele. quanto ao resto, já não sei mais. um convite para habitar um coração, talvez? mas não há coração, afora aqueles devorados na mesa de jantar. a possibilidade irônica está agora longe, como um remake ruim de lago dos cisnes, não é odile a vilã, mas a pureza de odette que é insuportável. precisava de uma massagem, mas me satisfaria um abraço apertado. a cada dia mais só, a cada dia, mas há sempre os livros, aos milhares. é engraçado, já que o livro é como uma grande prostituta que se abre a quem nele chegar para procurar o que for, ele se abre e acolhe entre as páginas, como se fossem coxas, e permite o que não se deveria. e nos perdemos nas vírgulas como quem é roubado numa esquina. talvez eu precise de mais café. ou simplesmente da coragem para levantar desta cama e sair caminhar pela madrugada e ver o sol nascer em algum lugar diante do mar. mas não, não quero sair deste conforto intrigante, há o frio, há o escuro. aqui há apenas o caractere pesado e negro manchando a tela onde todas as minhas lutas são com um dragão de papel. não sei que me resta.</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-88107882293358292892013-04-07T23:10:00.001-03:002013-04-07T23:10:20.478-03:00<div style="text-align: justify;">
fecho meus olhos e repasso as alternativas. o quarto de janelas fechadas, a luz acesa, os livros espalhados pelo chão, as coisas de dança lançadas a um canto... o celular em silêncio. houve uma época em que as coisas, cada qual, já se encontrou em seu lugar e que havia espaço para o ar circular e os pés tocarem o chão. agora apenas ouço nicole croisille e me resta o silêncio aterrador. o que posso querer ainda? há uma ousadia tão grande em pensar nisto. estou me tornando invisível, estou perdendo minhas palavras. já não consigo escrever, talvez por isso hoje em dia é sempre uma página a menos, uma linha a menos... já não consigo também desenhar com a mesma facilidade antes. me sinto vazio como se apenas insistisse em existir, mas sem motivo, mas também sem forças ou razões pra encontrar algum motivo. eu repito há tanto tempo a mesma história, o mesmo fuso horário, o galope dos dias. talvez seja o momento para voltar a visitar grandes ruínas, o silêncio estarrecedor do resto no meio do caos. mas não há possibilidade para o caos, há a impertinência de uma organização sem fim e, no entanto, não tenho mais reflexo ao espelho. não saberia dizer há quanto tempo não desenho mais meu rosto. houve um dia, um banho, um rosto lavado, em que a maquiagem escorreu ralo abaixo e eu não me encontrei nisto que ficava nem mesmo nas cores que se íam com a água. talvez eu tenha me perdido no caminho, na volta pra casa, ao dobrar uma esquina. queria um gole quente de café, meu chocolate acabou... a vida transformou-se numa sequência de páginas a serem lidas e num outro tanto de páginas para ser escritas. e eu canso, tropeço... falho até até as raias da ortografia, quando as letras começam a ser trocadas, quando as pálpebras pesam... e então eu imagino ser a hora de parar, de fechar os olhos, tentar sonhar, mas nunca sonho, ou não há um sonho novo ou ele é apenas esquecido junto com o corpo que perde seu nome na cama. e resta a escuridão. e todos meus fantasmas amigos são aqueles que sofrem... é emma, clarisse, ofélia... mas toda pontinha de solidão é como as madeleines de proust, fazem pensar.... abrem o mundo. mas há quem prefira romances policiais. aquele desvendar do seu segredo ao piscar de olhos, um desvio na retina, um sorriso que não se vê, ideias insubordinadas abafadas por lenços de seda. e há quem vai a praia e veja o sol se pôr. mas eu continuo aqui, livro aberto, no aperto... tentando pensar.</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-73247627869557742952013-02-24T15:01:00.000-03:002013-02-24T15:01:18.577-03:00sentado diante da tv, choro. mas não há nada de novo na tela ou diante dela. o sofá vermelho me expulsando devagar, os livros sobre a mesa já abertos à espera. eu também espero. queria não pedir, não implorar a migalha de atenção, mas aos poucos eu vou desistindo de mim. não é que o castelo de cartas desmorone, nunca houve castelo. talvez um dia toque a campainha e seja o correio. talvez um dia toque o telefone e seja você. te enviei um convite para um café, para embebedar seus dentes alvos num pouco de cafeína, o único modo que tenho de não lhe tocando (porque me é vedado) de lhe alterar o pulso. mas eu não sou a chuva com seus relâmpagos e trovões que te empurra para baixo do edredon, cada vez mais perto de mim. eu preciso preterir o pretérito. aqui, chovendo em mim, invento a ficção para fazer as coisas funcionarem: coloco hegel no divã de lacan. e tento me ocupar. não queria sentir sua falta ausente, você que nunca esteve aqui, nunca tocou nas minhas páginas. queria trocar chocolates por beijos. ou não trocaria nada e apenas teria os teus beijos. eu tenho fome, mas não consigo sair daqui. não consigo pensar nem no livro, tropeço na tua imagem. nesta imagem silenciosa que eu queria mas não posso... não devo. eu me sinto feio, estranho... não tenho nada a te oferecer a não ser a possibilidade de se perder comigo pelos corredores escuros da biblioteca, mas que você apenas me oferece nos meus sonhos. não tenho aqui, não estou nos teus sonhos, não te acompanho enquanto dormes. eu não tenho minha taça de vinho, nenhuma sequer,mas tenho o campo aberto até a linha do horizonte. talvez se eu corresse tanto, tanto e tanto, para além da última gota de suor, para além do ponto em que as pernas aguentassem, para além de qualquer expectativa, eu chegasse em algum lugar e lá te encontrasse. mas isso é apenas um desejo poético. eu sei onde estas, sei as ruas por onde andas e por onde segues. sei o peso de tuas letras. enquanto eu fico aqui contando até três, lavando o rosto, tentando e tentando, com força e ainda, e tu me engoles neste silêncio. talvez seja o peso do tempo que nos separa e não o espaço. como a madeleine de proust: estou lugar certo, mas no tempo errado. não sei se devo andar para frente ou para trás. como virar a ampulheta, sem mudar nada. cruzando os espaços, trocando os livros, escondendo o nome. e esta noite você viria a minha casa, escutaríamos john bennet, tomaríamos um scotch, que sei que tu não bebes, mas aprenderia. eu sei o que quero, que é nesta suspensão de corda bamba, sem exigências. o mine eyes... meu príncipe... é tua voz assolando meus corredores, tua respiração... mas meu príncipe talvez nem exista com sua nobreza de pés descalços e dorso nu... saltando na água ao fim da tarde, deixando-se beijar pelo quente toque de bronze do sol. e aos poucos até estas lágrimas perdem o sentido, estas palavras vão se apagando, o corpo amaciado abraça a tela, tenta se esquece de novo e ainda e mais uma. talvez tentando digerir o teu nome que ainda não sabe, esperando que os dados parem de girar ou que a bala, roleta russa, enfim atinja algum corpo. você logo vai descobrir que eu não sou a fantasia de ninguém. e eu não permito que você desconfie do real destas lágrimas, do gosto amargo da boca vazia, das borboletas digeridas pelo suco gástrico. eu tenho os postais que quero te enviar já escritos, as cartas, os planos no qual você é apenas um espaço a ser preenchido por um tempo que não vem. isto não quer dizer que eu creia em destino, mas que sonho e te faço delírio. te encontro nas linhas da minha mão porque, em vão, tento te segurar aqui. não sou eu que coloco o ponto final desta história que é impossível de ser contada, mas porque em nenhum mundo possível houve lógica que a suportasse ou uma linguagem em que se pudesse registrá-la. mas eu tento. é preciso tentar. arriscar puxar o gatilho do 38 ou o salto de um vigésimo andar, deixando o corpo em queda-livre. sem correntes. meu rosto ainda coça, estou sem maquiagem... vou ao banho, talvez um pouco de mim desça ralo abaixo, esquecendo a superfície da pele, limpando os pensamento. ou talvez, como sempre, depois do banho, na impossibilidade de me esquecer, eu abra um livro e durma sobre ele e num sono sem sonhos, mais uma vez eu não te encontre.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-50616896937720783132013-02-21T08:21:00.001-03:002013-02-21T08:26:06.056-03:00Notas suplementares sobre Dragon Ball<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">(Para Michele Martins de Oliveira)<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">É preciso entender, antes de realizar
uma leitura sociológica, qual a aparência <i>formal</i> que esta
narrativa, dado que a forma do desenho-seriado nada mais é que um <i>modo
de contar</i> um relato, assume. É uma aventura, certamente, mas o modelo
padrão escapa ao modo épico, mas se sujeita ao elemento trágico, conformado,
sobretudo na padronização de uma “herança trágica”, que pode ser traduzida num
elemento proustiano, como em <i>La Recherche:</i> nos pontos em que a
narrativa é uma narrativa de gerações (no caso trágico, por exemplo, se pode
situar isto na passagem do Édipo para Antígona): tem-se Goku, depois Gohan,
depois Goten (ainda que no mesmo grau de parentesco que Gohan), Pan (neta de
Goku) e Goku Jr. (bisneto de Goku e filho de Pan que aparece no último episódio
de Dragon Ball GT).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">O elemento grego aqui é salientado por
outro ponto de vista, que aqui interessaria ao relato. Se rejeito a questão do
épico, é justamente por deixar de lado a conformação de um <i>ethos</i>,
enquanto o ideal de uma comunidade, para salientar o fundamento da <i>pólis</i>.
Há que se observar que a mesma dimensão dúplice entre homens e deuses é
retraduzida na animação: uma instituição como a dos Senhores Kaio [Kaioshins],
bem como Kami Sama, que são personagens (“quase-que”) imortais que decidem e
estão acima dos humanos, como grandes gerentes (ou reguladores) da instituição
cósmica, seja dos sistemas planetários, seja do planeta Terra, seja ainda da
vida após a morte (como é o caso do Sr. Enmadaio), cujo papel é, de certa
forma, uma garantia <i>funcional</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">A hipótese trágica ainda se sustenta na
manutenção do mote que dá origem a animação: a satisfação do desejo. Bulma é
impelida, por seu desejo por um “namorado perfeito”, na busca das esferas do
dragão e no processo conhece Goku (que possui uma das esferas). Os
vilões, que de início também partilham esta busca (sendo o desejo de <i>imortalidade</i> uma
possível tradução do conceito se <i>soberania</i>). De outro lado ainda, o
destino geral da comunidade é posto nas mãos de um estrageiro: se Édipo, como
soberano de Tebas, é um estrangeiro, não obstante seu drama é que é um filho de
Tebas, temos que Goku, é estrangeiro (um sayajin), mas não obstante seu ponto
de pertença é terráqueo (o que instaura o paradoxo, por exemplo, dele ter sido
enviado para destruir a terra e acabar por defendê-la – na inversão de
significações a partir de um significante-mestre que acabar por dar novas
significações ao que anteriormente exposto, procedimento recorrente na
tragédia). Porém, o drama apesar de sua aparência trágica se resolve
de uma maneira pouco grega: tudo sempre acaba bem. Solução pequeno-burguesa e
idealizada em que após uma serie de eventos catastróficos a paz, ainda que por
um curto período, pode ser desfrutada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">Duas perguntas então podem ser situadas
nas passagens da gerações, tal como apreendidas em DB, DBZ e DBGT: se o tempo
passa, (1) como o espaço configurado pela animação situa suas próprias
mudanças; e,(2) quais as mudanças <i>estruturais</i> e <i>sociais</i> travadas
e encenadas na representação destas cidades?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"> Da cidade rústica com dinossauros
à <i>Cosmopólis</i> de Trunks (“o do futuro”), quais os entrechoques
de representação aí? É claramente evidenciada que toda transformação histórica
pressupõe uma transformação no espaço, embora no espaço híbrido de Dragon ball,
tais transformações são sobretudo de uma sobredeterminação <i>sócio-cultural.</i> Explico:
cidades ultratecnológicas, como a de Bulma, coexistem ao lado de vilas pré-históricas
(o que serve como alegoria para condição do nosso mundo contemporâneo, já que
há locais bem-desenvolvidos e outros que ainda, por razões culturais, mantém-se
com uma tecnologia “artesanal”), fazendo com a
linearidade cronológica possa ser cindir em tempos que possuem suas
próprias variáveis: tecnologia, organização humana (violência/barbárie),
sociabilidade. Não apenas as cidades e comunidades que são representadas ao
longo da animação variam, como os próprios planetas visitados oferecem
"complexos culturais" que favorecem a polissemia que a vida (tomada
entre experiência [Erfahrung] e vivência [Erlebnis]) assume (desde
a-história, como o ponto observador, da morada dos Kaios e de Kami-Sama, ao
momento pós-histórico do julgamento das almas por Enmadaio, que podem ser
enviadas a vida, isto é, novamente à história por Shenlong – ver o caso de Kuririn).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">Na esfera
da vivência, saturada de eventos e sensações, resta ao seres em questão, os
habitantes destas cidades (terráqueos, saiajins, namekuseijins, etc), a
capacidade de reagir a estes estímulos, bem como aos intrusos – sempre alteridades
radicais e por isso vilões dentro da narrativa). Numa abordagem freudiana: toda
chegada de um vilão é traumática, já que a imposição de seu desejo ultrapassa a
demanda destes “pequenos outros” que tentam, então, resistir a sua vontade
imperiosa. O interessante também aqui é como o conceito de humano é
relativizado: já que terráqueo ou namekuseijin marcam os planetas de origem, no
caso a Terra ou Namekusei, a enfática a raça aparece no caso dos sayajins cuja
origem está no planeta Vegeta. Há, portanto, a retomada de um tema biopolítico dentro de um tema darwinista:
qual é a raça superior capaz de colonizar (leia-se “imperar”) no universo? – O
que instaura um debate étnico , que é uma das variáveis da animação no âmbito
de sua representação, já que as raças em questão se organizam em estruturas
políticas, econômicas e sociais que
configuram tanto a estética (arquitetura) de seus espaço, quando sua geografia.
Assim é que dos planetas rurais (Namekusei) aos planetas marciais de regime
espartano (Vegeta), o <i>degradé</i>
civilizatório se arma: há mundos em ruínas (como Alpha, na Galáxia Sul,
arrasado e inabitado), desérticos (como Arlia, mas que possuem vida
inteligente), hiper-tecnocratas (como o planeta-máquina Big Ghetti Star) etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">No caso das
cidades de DBZ, sua memória pouco marca destes traumas, não há registros
urbanos do que aconteceu, isto se supervalorizarmos a dimensão da história
sobre a geografia, isto é, o dado diacrônico. No dado sincrônico, em que o
espaço pode ser mapeado (assim, a geografia suplanta a história, já que em
termos o que se tem é sempre a enfática de um presente, mesmo quando Mirai Trunks
viaja do futuro, por exemplo). Um dado interessante por exemplo, é que o único
momento em aparece um narrador para a história em Dragon Ball é na abertura do
desenho em que este assume a voz que vai assinalar em que ponto da aventura
(episódio) se esta, dando um título para o “capítulo” em questão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">Há elementos que são reiterados ao
longo de toda animação, que fundam a circulação dos personagens: como a ilha de
Mestre Kame, o deserto Yamcha, a montanha Frypan, a ilha Papaya (onde se
realiza o torneio de artes marciais intitulado Tenkaichi Budokai), a Capital do
Oeste (cidade de Bulma onde fica localizada a
Corporação Cápsula, uma espécie de monopólio no mercado mundial similar
a Umbrella Corporation de <i>Resident Evil</i>,
embora os limites destas avancem no terreno dos produtos farmacêuticos,
armamentos, computadores e outras atividades clandestinas de pesquisa
biológica, aquela produz também elementos técnicos variados, mas é enquadrada
ao estilo de um "bom modelo"), etc. Outro dado relevante é a
estruturação cardeal num eco claramente cristão, já que reflete a estrutura
celestial ( Sr. Kaio do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste) que se expressa nas
capitais, também do Leste, Oeste, Sul, Norte e Central.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">Bom, o enfoque claro do desenho são
nestes heróis, marcados por uma personalidade exploradora, em sentido amplo, e
aventureira. São pessoas fora da ordem social pré-estabelecida ou mesmo, para
nos expressarmos em jargão marxista, fora da luta de classes. Por outro lado,
expressão de um modo muito singular a dialética do senhor e do escravo, com
enfoque na luta originária (dois homens lutam por reconhecimento). De
profissões efetivas (liberais), pouco se retrata, a não ser no mercado anônimo
ou como pano-de-fundo do desenho, como algo que dá suporte a manutenção da vida
(os restaurantes, mercados populares, escolas, etc). A profissão-chave é a de
lutador e guerreiro (a maior parte dos personagens com nome se enquadra aqui),
o que enfatiza o caráter militar da animação, há ainda os doutores (embora não
se saiba exatamente em quê) e cientistas (como Myuu, o “mau” Dr. Maki Gero e o “bom” Dr. Brief), feiticeiros, mágico e magos
(Bibidi, Hoi e Uranai Baba), monges (Kuririn e Yajirobe), professores (a maior
parte dos “conhecidos” são professores de artes marciais, como Sr. Satan e
Mestre Kame), mas há também personagens paralelos como Mestre Karin, cuja
função não é muito clara, mas sabe-se que é quem cultiva as sementes dos deuses [senzu
beans], Mez que é um ogro que cuida e
ajuda a administrar o inferno, Nappa que é um guerreiro, mas também é o guarda-espadas
de Vegeta que por sinal é um príncipe, como Ox King é rei (rei Cutelo), Pui Pui
que é guarda-costas de Badidi, como há há
fazendeiros, andróides, robôs, mercenários, ladrões (Yamcha, por exemplo é um
ladrão do deserto). Em meio a isto, seguem-se personagens menores que também
mereceriam uma leitura mais pontual, como é o caso do câmera man que registra o
torneio de Cell e o repórter sem nome que o acompanha, os comentaristas Bodoukai,
Lunch que é cozinheira, mas como leitura de oposição há ainda as donas de casa
Sra. Brief (burguesa) e Chi Chi (que embora seja filha do rei Cutelo e,
portanto, uma princesa, age por vezes como uma dona de casa de classe média) e,
por fim, o Sr. Popo, que é negro com turbante indiano, que é o ajudante de Kami
Sama da Terra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">De resto, a pergunta que
fica é: como a nossa cultura (se compreendermos cultura como um <span class="apple-converted-space"> </span><i>Todo</i><span class="apple-converted-space"> </span>que abarca desde as
expressões artísticas, as instituições humanas, a trama discursiva –isto é,
história, economia, política, etc - a conceitos abstratos tais como liberdade,
igualdade, etc) é representada? Como os sistemas alegóricos e dispares da
ficção proporcionam uma leitura de nossa realidade, revisitando seus
problemas e tensões? Como dar potência<span class="apple-converted-space"> </span><i>crítica</i><span class="apple-converted-space"> </span>a
animação através do nosso contraponto cotidiano? Como as relações, para além do
projeto visual, demonstram estes seres relacionando-se com seu espaço e uns com
outros, como isto pode (e deve) ser lido alegórica, metafórica
ou metonimicamente como um reflexo da cultura (e qual noção cultural
específica, já que na dimensão singular do desenho, nasce na cultura japonesa,
como mangá<span class="apple-converted-space"> </span><i>shounen</i>, lançado no Brasil pela editora Abril e
veiculado pela rede Globo, em 2001) - questões levantadas nas abordagens
de Sônia Luyten.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt; text-indent: 35.4pt;">________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><b>Nota:</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;">Este texto segue dedicado a Michele justamente por responder a um pedido de comentário ao seu Trabalho de Conclusão do Curso de Geografia. Não tendo tido acesso ao trabalho final, mas apenas a fragmento dele, tencionei desenhar aqui um modo de operar uma leitura em suas diretrizes mais genéricas, apontando possibilidades e caminhos, apesar de não realizar, em absoluto, nenhuma espécie de hipótese teórica. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-62541982022598144012013-02-20T10:38:00.002-03:002013-02-20T10:38:53.084-03:00<i>(para o príncipe)</i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
aquele momento em que se para se abre o livro, por onde começar a ler, o primeiro parágrafo, a primeira palavra, a primeira vírgula. o pensamento distorcido, a demanda de pensar mesmo quando o pensamento não quer, quando não se consegue, quando não se pode. e penso em você, andromaque, estrela equidistante e reluzente que me captura o olhar. tu, que como viajante descuidado, navegando em águas perigosas e turvas, nestas águas impalpáveis que escrevo como no fundo de um espelho, tu, é em ti que penso. e viro as páginas. tu me dizes, eu tenho medo. ("sorrisos", você escreveria). tu, pequeno, diante da escola, eu não te esqueceria, pegaria sua mão, o sorriso as covinhas... na mão um sorvete de pistache. enquanto o ônibus não vem. eu aqui, olhando o mar. você daí, também olhando o mar, como se um oceano nos separasse. eu me perco de novo nas referências e peço desculpas. (apaixonado por sorrisos e um bom amante de abraços). eu te escrevi minha pequena carta, numa letra torta, tu rirás, tu saberás rir quando retomar as garatujas de novo, decifrando mais de mim que a própria caligrafia permitiria. eu te sequestraria, na impossibilidade de me amares, esperando e cultivando a tua síndrome de estocolmo. final de noite, ocultos pela penumbra, fugindo até a padaria da esquina para comer coxinha. nossa trilha sonora desliza entre meu chico e minha bethânia, e sua tiê, roberta sá, daniel chaudon, dani black, jeneci... seu repertório é mais amplo, mas nos violinos antiquados, talvez o meu seja mais seguro. e ouvimos repetidas vezes, como se ouvir pudesse preencher esta distância, fazendo a exaustão aparecer ali onde os corpos não conseguem mais se tocar, não porque não se queira, mas porque esta distância tomada por espaço, preenchida pelo desejo, cartograficamente quilometrada impede. duas sombras pedalando à beira-mar. mas eu nem gosto de bicicleta. (me desenha um carneirinho?). eu te prendi nos corredores e nas esquinas dos meus sonhos. (me dá mais um beijo?). e dividimos os corredores da biblioteca... um bom beijo é aquele de quando os livros caem, páginas e páginas, e nos sentimos vistos, jane austen, virginia, joyce, que importa? e te peço desculpas por te encher de mim quando te prometi apenas doses homeopáticas... e te segurei, nos ponteiros, pelas pontas da imagem, com peito desnudo... meu cisne não escapará da gaiola, ele não está preso. eu te fiz perder a hora, não te quero fazer perder teu tempo... este tempo que também escapa ao relógio, me dá cá meu abraço, meu príncipe que precisa de mais do que um beijo para acordar, volta pra cama... vem dormir comigo no calor da manhã?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-17020718107492316462013-02-15T23:07:00.000-02:002013-02-15T23:07:40.023-02:00eu esperei a campainha tocar. sapatinho de cristal solitário sobre o criado-mudo. mas, o sapato perdido, como o coração partido, não apareceu. talvez meu príncipe não tenha visto o recado. talvez meu príncipe tenha perdido a nobreza. o sapato agora manca e faz falta. o celular não chama, talvez ele ainda tenha meu número. nenhuma carta ou e-mail. onde estará central de reclamação. talvez os contos de fadas não se repitam entre dois garotos. resto eu, um pé de sapato inutilizado, um desenho feito, um convite de café... posto num futuro remoto. no presente próximo: a tv, o analgésico pra enxaqueca, macarrão instantâneo e uma barra de chocolates. eu dei um salto para tentar estar perto de ti, saltei o meu próprio abismo, meu pé vacilou, errei a mão. perdi meu sapato, mas aprendi a lição da madrasta má: devorei meu próprio coração. Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-41973871671465752432013-02-15T03:54:00.001-02:002013-02-15T03:54:14.338-02:00eu só quero poder saber se sou da medida do teu abraço.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-82490108703473153492013-02-15T03:43:00.001-02:002013-02-15T03:43:35.754-02:00<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- eu tenho um coração descompassado...</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- vem, eu deixo o seu entrar no ritmo do meu...</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- esqueçamos a distância, definitivamente, a partir de hoje, você vai morar na minha taquicardia!</span>Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-80592389323733506402013-02-13T22:14:00.000-02:002013-02-13T22:14:41.844-02:00<div style="text-align: justify;">
um pouco mais de conto de fadas, é talvez o que se precisa. trocando os sapatilhos por duas taças de cristal, olhos brilhantes, noite e estrelas. eu desejo demais. eu te pedi um abraço imerso nos teus quilômetros. dizem que a gente aceita o amor que acha que merece, mas e quando simplesmente o amor não aparece? me perguntei estes dias acerca de um possível paradoxo, se não se sabe o que é amor, poderia ter amado sem saber? eu acreditava ter amado, eu me acreditava amável. mas quando apenas caminho, me desencontrando de mim, eu encontrando uma possibilidade impossível, sou eu que me perco, sou eu quem não sabe jogar. estou quase desistindo de continuar escrevendo aqui. escrevo como bem picha o lado de dentro de um muro, com as frases de efeito dando para o jardim, oculta pelas rosas selvagens. este é meu espaço. eu queria poder sentir seu perfume, por uma primeira vez. te sequestrando em sonho e te cobrando os abraços na liberdade do dia. o que sei de ti, posto ainda no futuro, com seus grandes olhos.</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-33490097464219471802013-02-12T02:17:00.001-02:002013-02-12T02:17:29.782-02:00<div style="text-align: justify;">
coloco mais uma vez as cartas na mesa, não tento montar mais uma vez o castelo nas nuvens. antevejo sua ortografia. uma carta não é um ás de copas, sequer um bom coringa. quanto valeu o teu jogo, este que eu perdi? quanto vale sumir nas próprias palavras nas quais sou eu quem paga o preço e é minha cabeça que rola? eu te vejo de longe, te leio de longe, não te toco. leio. e sem tocar nas cartas e empilhá-las, embaralho os pensamentos e me desencontro te encontrando como sombra no horizonte. no fundo do meu pequeno oceano eu sei que eu é que provoquei os meus naufrágios, sei que fui eu quem afundou o navio... mas apesar disto, não fui o primeiro a procurar me salvar, me agarrando a algum salva-vidas ou bote fortuito, como quem se agarra a uma possibilidade de vida. eu quem abri no casco do navio um buraco, mas me deixei ir junto, água abaixo, lágrimas abaixo, faltando ar, afogando um a um todos os sentimento que já não poderiam boiar, mas pesavam e me arrastavam para o fundo. para o fundo deste mar como um grande deserto de sombras.</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-35019654612848196552013-02-04T01:54:00.002-02:002013-02-04T01:54:26.730-02:00sonhohoje, em um de meus cochilos, motivado pela leitura da tarde, sonhei que era uma borboleta. redupliquei um sonho. fiz referência. sonhei o sonho de chuang-tsé. agora, cabe a angústia de me perguntar, crendo-me acordado, se agora eu não sou uma borboleta que sonha ser eu.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-34595303720722866542013-02-04T01:32:00.001-02:002013-02-04T01:32:58.921-02:00deste ponto<div style="text-align: justify;">
já passa da meia noite, é preciso desenhar a cena do final do dia, do final do final e semana. contornar as linhas da crise. neste momento, entre cochilos mais perturbadores que restauradores, estou só. estou só num apartamento que está, certamente, bagunçado. e eu preciso limpar, mas não agora. há dez anos atrás me perguntava e fazia planos de onde estaria agora, o que estaria fazendo, só como exercício de imaginação. puro dispêndio de sonhos. algum plano realmente deu certo? daqui, deste lugar em que só posso olhar para atrás ou para estas paredes. para a tv ligada num programa ruim e cujo som compete com o ensurdecimento que o ventilador me causa. não acreditava que chegaria a este ponto, em que simplesmente os pêlos se eriçam e corpo vibra. eu já li tantos livros, mais do que a boa parte das pessoas que conheço. eu conheço línguas que aos olhos dos outros só parecem decoração cafona de bar dos anos 70. estou na margem do limite: em 5 anos haverá a guinada. e 5 anos passam tão rápido. as vezes chego a pensar na vida como um grande quebra-cabeças esquecido em algum baú e que em vão tentamos montar sem nunca perceber que são duas paisagens diferentes e que estão faltando peças. nunca poderemos realmente ver alguma coisa. a única coisa é tentar visualizar uma possibilidade peça à peça. sou confessional, faço diários. meus dias não tem mais tempo, estou perdido no calendário. não consigo entender o influxo do tempo, da rotina. é fevereiro, é festa, carnaval... mas eu perdi o sentido. mas nem é mais necessidade de clausura. estou só há tanto tempo quer ter uma companhia superficial, sem pretensões, já é alguma coisa. eu, o apartamento e os dois gatos. e talvez eu faça essa bagunça toda tentando preencher este espaço que dói através de mim. eu me contento com pouco. talvez este também seja meu erro. além daqueles clássicos que só me apontam as escolhas que fui tomando por acreditar no rigor de minha opinião. algumas escolhas certamente foram acertadas, à outras eu fui empurrado. eu já amei, certamente, mas não sei se já fui amado. não sei o que isso quer dizer? alguns tipos de amor me foram vedados. tudo transformado numa experiência prática, acadêmica, pensada... eu me acostumei a querer pensar e apostar minhas fichas na reflexão. e não entendo, existem coisas que a lógica não explica, talvez porque o desejo seja tão arbitrário que é como um tropeço. e talvez não se deseje um ideal, uma imagem fantasma. talvez por isso quando os deuses do olimpo desciam da cúpula celeste eles fossem humanos no seu excesso, mas somente por terem a possibilidade deste excesso se entendiam como deuses. não há megalomania nesta questão, no meu caso, observo-a por outro ângulo. eu tentei um ponto da perfeição. tentei criar um ideal de mim, um projeto de humano e mais que isso, tentei executar e ensaiar os passos desta experiência. não sei o que criei ou o que fiz de mim. eu tentei me adequar, mas ao tentar fazer isso acabei me deslocando. ao menos tem algumas coisas que eu posso assinalar: eu já tive aquela paixão rompante, já tive meu capotamento, já tive meus pequenos delírios. agora, ao meu lado, o celular vibra, me espanto... ué, quem poderia ser? eu sou a meia furada no fundo da gaveta que só não foi jogada fora porque um dia foi boa, porque vai que um dia ela pode ser necessária. mas era apenas a bateria acabando. eu acho que eu espero a pequena delicadeza que todo mundo sonha, mas ninguém quer, porque alguém inventou que horda devesse procurar e se empanturrar de uma vida que não se sabe que tipo de vida é. eu pensava que quando chegasse a este estágio, oras, eu tenho tanto caminho andado, tantos livros lidos, alguns quilômetros percorridos... eu sei que sou isto, frio, armado com meu bisturi lógico. mas eu procuro, eu ainda tenho aquela ideia da casinha de cerquinha branca. eu ainda vislumbro esta possibilidade como uma realidade alternativa. mas não é mais a minha possibilidade. eu não respondo ao desejo. eu com meu um metro e setenta e cinco, com meus olhos castanhos, com meu cabelo castanho claro, com essa pele estranha, com esta barba, com meus saltos altos, com minha cicatriz no joelho e minhas costelas salientes. tudo o que eu tenho é apenas isso e minha sinapse. mais normal que todos, eu sou a exata média do caminho. não tenho um metro e noventa e sou o galã gostoso de seus sonhos eróticos. sou a bichinha nervosa roendo a unha do polegar com os olhos vivos atrás de meu ysl dourado. eu digo que queria ter alguém, mas talvez a gente não deva e nem possa ter todos os desejos realizados. li em um livro, que não citarei para não agravar mais o pedantismo da cena, que deveríamos agradecer por não termos todos os desejos realizados, já que as vezes o que desejamos não é exatamente o que precisamos ou o que queremos. eu gosto dos porquês. eu com meus gestos amplos e minha irritação afetada. eu que sento no meio-fio e bebo uma garrafa de espumante vagabundo... ou mergulho os dedos, na maior falta de classe, dentro do meu dry martini para catar minha azeitona. eu que gosto da minha imagem de maquiagem borrada depois de chorar diante do espelho. descobri no exercício da prática que sofrer inventando esta dose de glamour dói, mas se suporta. delírio? certamente. mas sou eu com meu pé 37 e sapatilhas de ponta. eu que apenas observo. eu que sou piadinha.... o eterno cômico de ser mais mulher que muita mulher. sorrio apenas. algumas pessoas não entendem a violência do que dizem. do que me dizem. eu aquiesço. não há motivos para ir além. este é meu mundinho: uma estante torta que cede ao peso dos livros. eu sei que o que eu escrevo gira sempre em círculos e sobre o mesmo eixo, mas eu apenas tento escrever como um exercício de vamos ver onde consigo chegar com isso. eu escrevo (aqui) para pensar, para me pôr a pensar nisto que sinto, no que me ainda me permite deixar os pulsos intactos. eu não sei o porquê não desisti ainda, não entendo o porquê resisto com este sorriso lateral. talvez não seja eu que deva descobrir. ai, paro, olho a mesa de centro, o livro que eu deveria estar lendo está ali, ao lado de minha barra de chocolate. chocolate ruim, vagabundo, para crises. apenas açúcar. e eu escrevo, escrevo, como o judeu errante caminha no deserto. o divertido é que este trocadilho tocar um ponto deste real do apartamento, a torá na entrada de minha porta. e eu me perco tanto neste labirinto, queria dormir, não consigo, queria ficar acordado, não consigo. as vezes acho que a cada diz mato um pouco deste meu desejo, como se lutasse para não desejar. e não querendo desejar, talvez não possa ser desejado. talvez eu renuncie demais. este final de semana encontrei, eu armado de meu martini, um ex namorado, oras... normal? não. é engraçado não poder conversar direito com uma pessoa com que você já dividiu uma cama, com quem você já viu nu... se houve uma intimidade, o que se passa nesta barreira? será que o erro é meu de apostar, de permitir escolhas. ou talvez este meu vazio seja um abismo intransponível, e eu o sinto como se fosse, mas eu pulo nele, queda-livre, mas não posso pedir pra ninguém pular junto. é um pedido grande e pedidos como este não podem ser feitos. é como querer dizer eu te amo, esperando um eu te amo como resposta. isto não vale. eu, meu cobertor azul... e a sede que restou dos excessos, dos gastos... mas, bom, tenho a sede. paro por aqui. preciso de água. já não sei mais qual a consistência de minha angústia, qual o drama em sépia que viverei amanhã. estou cansado. sem exigências. talvez eu nunca parta deste ponto. nunca ultrapasse o meu ponto-final.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-89229423240259395422013-02-02T15:15:00.001-02:002013-02-02T15:15:47.687-02:00<div style="text-align: justify;">
estou cansado, o suor escorre pela minha pele. ao menos desta vez não há maquiagem fingindo não me destruir um pouco mais. estou fora de uso e sem conserto. estou bebendo demais. inventando crises demais. mas estou só - um pouco além do mais. ontem fui a uma festa (e não deveria ter ido). o que fiz? como fiz? quando fiz? nada fiz. estou cansado. minha diversão de meia página não paga mais o investimento de mim. e observo e ainda bêbado pego os outros no pulo. disse que não queria e não podia. mas estava lá, com outro fazer o que não queria fazer, mas fazendo com gosto demais para alguma repreensão. isto é, a falha na lógica. ontem ainda, enquanto arrumava meus cabelos descobri, diante do espelho que o que funda o sistema é o ponto desejante: é necessário que se deseje o sistema. o desejo é o fora da lógica que instaura a lógica. preciso pensar mais. mas venci uma aposta em dois selinhos, venci superando a margem de erro. mas o último minuto me fez pensar um pouco, eu preciso pensar e organizar o que houve. não comigo, óbvio. nada acontece neste meu mundo congelado. mas por agora, resta me deitar no sofá. e tentar restaurar alguma dignidade.</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-4086937122195970502013-02-01T17:25:00.001-02:002013-02-01T17:25:38.697-02:00síndrome do membro fantasma<br />
só que com o coração.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-47823571577833497102013-02-01T16:01:00.000-02:002013-02-01T16:01:02.368-02:00há palavras que nos beijam<br />
como se tivessem boca.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-90496621753319169042013-02-01T06:41:00.003-02:002013-02-01T06:41:51.702-02:00grego, antevejo o coro<br />
vivenciando o terror e piedade em meu lugar<br />
nós espectadores de nós mesmos<br />
atravessando a rua<br />
comprando pão<br />
tropeçando e desistindo<br />
mas com emoções<br />
apropriadas<br />
vestidas<br />
prontas para a foto.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-25041090329151161382013-02-01T06:40:00.002-02:002013-02-01T06:40:35.276-02:00tibetanaprendo-o<br />
(o vulto de teu nome)<br />
num moinho de vento<br />
e ele gira<br />
sozinho.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-14773258705541062172013-02-01T06:38:00.000-02:002013-02-01T06:38:12.099-02:00e de tão medieval que sou<br />
não lhe ultrapassou,<br />
meu olhar,<br />
o colo<br />
dos pés.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-41552497949560674222013-02-01T06:36:00.001-02:002013-02-01T06:36:02.611-02:00razão ou felicidade?<br />
razão!<br />
felicidade é algo abstrato demais<br />
para esfregar na cara dos outros.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-73282033416011248242013-02-01T06:34:00.000-02:002013-02-01T06:34:02.957-02:00céu cinza<br />
um mosquito corta rasante o ar<br />
tiroteio de angústias metralhadas ao escanteio<br />
persigo com o olhos<br />
alvo e dedos<br />
escapa<br />
envelope sobre a mesa de centro<br />
envelope laranja sobre a mesa de centro<br />
(um rei se acredita rei, mas não pode reinar)<br />
escrevo para ocultar<br />
cerrando as cortinas<br />
baixando as palavras<br />
rasantes<br />
que não cortam o ar<br />
nem o céu cinza<br />
<br />Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-2654665915916662442013-02-01T06:26:00.003-02:002013-02-01T06:26:50.501-02:00substituto do acorde de sétima dominanteem três tons,<div>
parto ao meu meio meu desejo</div>
<div>
como quem parte o pão</div>
<div>
mas não tem fome</div>
<div>
ou tem fome</div>
<div>
mas não tem pão</div>
<div>
o pó pinta a cara</div>
<div>
escrevo ocultando a ruga</div>
<div>
e a tara</div>
<div>
das cordas com que me embaraças</div>
<div>
no canto</div>
<div>
meu canto</div>
<div>
é preciso que acorde</div>
<div>
uma outra diminuta</div>
<div>
como se grafa?</div>
<div>
onde se toca?</div>
<div>
onde se troca</div>
<div>
o beijo roubado</div>
<div>
o fundo do espelho</div>
<div>
todo gosto amargo</div>
<div>
do desespero?</div>
Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-9844165654862899622013-02-01T06:15:00.002-02:002013-02-01T06:15:19.992-02:00me abraça apenas<br />
e não faz pergunta nenhumaEv. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5592965998024494628.post-8071291512689674272013-02-01T06:06:00.001-02:002013-02-01T06:06:20.991-02:00se todo deslize<br />
fosse apenas ortográfico.Ev. Brèal.http://www.blogger.com/profile/14163298478844940965noreply@blogger.com0