domingo, 2 de maio de 2010

É hora de acostumar com o cheiro de formol e com os órgãos expostos. É preciso por as luvas. Atacar a carne sem dó. Não pensar na vida controlada, na pele ressecada, no nariz irritado, no que resta de humano do lado de cá. O que é este humano que insiste? Talvez seja isto que faz balbúrdia no pulso e afeta o estômago. Não tenho mais reações. Um mundo de branco sobre branco, quando muito de azul ou verde cirúrgico. Eu tentei encontrar algo mais. Não sei o que encontrei para além deste sistemas em vermelho duro. O vermelho concreta as formas. Não irei mais escrever, não irei mais pintar. Vou esquecer este espaço. Esconder-me no fundo do laboratório das formas, sem significar, sem insistir, sem delicadezas. Sobreviver, isto apenas.

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