segunda-feira, 24 de maio de 2010

Uma dança

(pr’o Rafz)

Diante do céu limpo e estrelado, Oyá, a menina dos olhos de Oxalá, dança com o rosto coberto diante dos olhos daqueles que ela abandonou, os olhos escuros prendendo o seu segredo jamais desvendado. Xangô com Oxum, perfumando os rios, apenas entrevê no seu espelho a tempestade que virá. Com seus segredos, Ifá sussura os mistérios da deusa, rainha das trevas. Oxalá apenas impede que a batalha se forme na dança, clareando o amplo do mato, do terreno batido. As mãos batendo os tambores apenas esperam o céu clarear. Exu fora da casa controla os cantos da mata, ali na beirada do rio, na beirada do mar, ali no portão, bebendo devagar observando desperto e esperto na escuta. Moedas ciganas caem, crianças percorrem o salão erguendo as saias das mais belas. O vento insiste ao longe. Ogum balança a balança, a mão forte ergue mais estrelas para iluminar o passo largo da dança. E gira, não tem sede dos rios. Abre os nove braços para o desconhecido.

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