quinta-feira, 29 de abril de 2010

Royal Flush

os diamantes na orelha incomodam. a pele coça e escama. com a espátula retiro as camadas de tinta do quadro. o cheiro de resina disso que descola como dúvida. o lado esquerdo da cabeça é o que ainda dói. amanhã: europa, rio de janeiro, nova iorque. é preciso escrever para fazer retrato. para pintar. escrever como quem pinta, para aí desistir da imagem.
a torneira aberta, o cílio adormecido que caí e se cola na face, a pálpebra trêmula de cansaço. quando terei a resposta? um império que rumoreja entre as flores capitais e se esquece, como lingerie, num canto do quarto. os saltos vermelhos não deixam ver sua cor na tela em preto-e-branco. a cor contamina, mas não se mostra. apenas contorno, faço a curva.
minha fronte lembra da febre e do toque. ainda. das garras contidas, do livro não lido, da tequila esquecida. não sei se me lês. ou o porquê disto. preciso de café. prescindo do sono. tenho fome. o sol que se abre não me aquece, sinto frio, o vento, a dor, a navalha nas mãos de um espanhol.
quer pipocas? vê o espetáculo. eu sei onde você vai hoje, mas não te encontro. o labirinto do labirinto. eu te ensinei a jogar poquêr. kicker. algumas vezes não é preciso mais do que uma quadra, mas apenas algumas palavras, os olhos atrás dos óculos escuros, o meu valentino, o seu ray-ban, o dior dele, o chanel dela. meu lenço armani me enforca. engulo a dúvida e espero o contato. ainda. apenas um ''não'', seguido de um ponto, já significa. talvez demais.

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