segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O menino grávido

(de um mito Pawnee)

grandes olhos negros, luzidios como a noite, mãos finas, traços finos, a criança tocava corpos que se animavam. no fundo da pele a mágica se misturava com as incertezas de seu impossível. talvez não soubesse como, mas curava. e de todas as certezas talvez nenhuma lhe fosse válida. certo dia, velho feiticeiro desceu a montanha, com suas barbas longas e grandes olhos vermelhos, vinha com ele sua esposa, mulher com cabelos trançados como serpentes. os dois eram como animais noturnos, se esgueirando entre mil segredos e mil armadilhas."diga-me como fazes tuas curas e te ensinarei todos os meus segredos", disse o velho bruxo. a pequena criança não queria saber, o medo do velho era grande como o medo que tinha de maus sonhos e pesadelos.o velho nada conseguiu junto ao menino, manda sua mulher trazer seu velho cachimbo. nele misturou folhas secretas e palavras de ordem.
dia seguinte o casal presenteia a criança com o cachimbo.
mil feitiços acometeram o menino. enfeitiçado se descobre grávido. vergonha. vergonha. vergonha. a criança deixa a aldeia para encontrar a morte junto as feras da floresta. porém, os malvados animais choram com a degraça do garoto e resolvem ajudá-lo. curam seu feitiço, extraem da ampla barriga sustentada pelo corpo magro do garoto o feto, e contam-lhe seus segredos mágicos. o rapaz aos poucos se recupera. vingança. vingança.vingança. a criança volta a aldeia, pede sangue. sua alma de besta-fera exige. com seus novos poderes mágicos mata o velho bruxo. a fera dentro de si se acalma. bom curandeiro ele se torna. algumas estrelas ainda contam sua história.

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